Robôs em Portugal aumentam a empregabilidade de farmacêuticos nas farmácias

Ora, pois! Sabemos que os pastéis de Belém, o bacalhau e o vinho do Porto são alguns dos produtos que mais chamam a atenção em Portugal. Porém, nossos patrícios têm mais do que essas iguarias para se vangloriar! Eles adotaram um sistema muito moderno de automação nas farmácias, cujo armazenamento robotizado faz qualquer player brasileiro ficar com inveja.

É de se admitir que, no Brasil, o farmacêutico e o setor de varejo possuem vários avanços em relação à legislação, à autonomia e à atuação profissional. Porém, não se registram muitos investimentos em tecnologia nos pontos de venda. Portugal, embora tenha estacionado em termos de incentivo à prescrição farmacêutica (entre outros), por outro lado, possui um processo automatizado que permite a melhor utilização do espaço, além de acomodar e acondicionar mais produtos na região de estoque (que fica fora do alcance - e da vista - dos usuários).

O sistema robotizado das farmácias portuguesas armazena os medicamentos, faz a gestão do estoque, entrega o item solicitado ao farmacêutico e faz os registros sem a manipulação humana. O farmacêutico pede e o robô traz. Simples assim...só que não é tão simples...por trás desse sistema houve muita inteligência e investimento.

O diretor da Farmácia Azevedos, em Lisboa (POR), Hugo Portela, conta que há cerca de dez anos a farmácia começou a trabalhar com a gestão automatizada instalada pela empresa Glintt, que é uma multinacional de tecnologia, consultoria e serviços tecnológicos voltados para o setor da saúde. “A Glintt automatizou quase todas as farmácias aqui em Portugal. Ela pertence à Associação Nacional de Farmácias (ANF) e fornece, por exemplo, todo o mobiliário e o sistema de informática que usamos na farmácia. E que é o mesmo em cerca de 90% das farmácias em todo o País”.

​​​​​​​​​​​​Para a diretora de Mercado Pharma da Glintt, Sandra Lino, a prioridade é conceber, em conjunto com as farmácias, espaços de saúde e bem-estar, onde a arquitetura comercial e a rentabilidade coexistem com as novas tecnologias. “As nossas principais áreas de atuação, e que nos permitem oferecer projetos globais especializados, são a arquitetura, software, hardware, construção, obras, robótica e imagem”.

Sandra conta que a equipe pensa e executa as farmácias de hoje, tornando-as farmácias do futuro. “Somos líderes em nível internacional em soluções globais para espaços de saúde. Em 16 anos de atividade, já executamos mais de 950 projetos de obras e remodelações de farmácias e clínicas. Para se ter uma ideia, já somamos mais de 12 mil farmácias na Península Ibérica, que utilizam o software de gestão suportado pela Glintt, que disponibiliza ainda um portfólio muito mais vasto que engloba concepção e projeção de espaço de lojas, automação, infraestruturas, consumíveis, entre outros”. 

Portela ressalta que as vantagens na adoção desse modelo de automação na farmácia são inúmeras, principalmente com relação à organização do espaço e o tempo da atenção farmacêutica dispensada ao paciente. “Com a gestão automatizada na farmácia, os nossos atendimentos ficam mais rápidos e com maior foco no paciente. Porque solicitamos todos os pedidos ao robô e, com isso, não precisamos sair do balcão para procurar medicamentos, sendo assim, podemos adiantar o atendimento, tirar dúvidas e orientar os pacientes”.

Portela ressalta que a automatização no serviço nunca reduziu o número de funcionários contratados na farmácia, segundo ele, a equipe aumentou no decorrer dos últimos anos. “Aqui na Azevedos atualmente trabalham 15 funcionários, desses, seis são farmacêuticos e dois são técnicos em farmácia”.

Segmento automatizado

Outra farmácia que adotou a automatização no processo de dispensação e armazenamento de medicamentos foi a Farmácia Viriatro, localizada em Viseu (POR). Em uma das lojas o gerente, Nuno Tiago Sardinha Figueiredo Saraiva, explica como funciona todo o sistema implementado na farmácia desde 2009. “Esse sistema possui um braço robótico, com 11,5 metros de comprimento e capacidade para 14 mil medicamentos. Em média, dispomos de 11.700 embalagens. O armazenamento está equipado com os dois sistemas: semiautomático e automático”.

Saraiva explica que na Farmácia Viriato o sistema é composto na zona do armazém, por um computador responsável pela comunicação e monitorização. Já o outro é controlado por meio do sistema responsável pela comunicação com o software, faturação e pela ligação à internet (ligação ao fabricante e à rede nacional de farmácias). “Na farmácia existem mais quatro computadores na área de atendimento de clientes e alguns na zona administrativa. O custo deste sistema, em 2009, foi de 165 mil euros mais impostos. A manutenção é contratada com um custo de 500 euros mensais, que inclui a manutenção curativa e preventiva, e esta é realizada quatro vezes por ano”.

Durante a entrevista concedida à equipe de jornalismo do ICTQ, Saraiva destacou que, com a utilização do sistema, a farmácia obteve algumas vantagens, principalmente no tempo do atendimento. Ele destacou também que não houve alteração no quadro de funcionários que já trabalhavam na farmácia, mas foi necessário contratar técnicos para operar e acompanhar o sistema. “Foi contratado um colaborador que ficou responsável pelo funcionamento do sistema robotizado e para efetuar a comunicação com a empresa que instalou o equipamento, responsável pela assistência e manutenção. Contratamos também um gestor de estoque de medicamentos. No entanto, as farmácias que adquirem estes sistemas robotizados podem optar por converter um dos seus colaboradores. Assim, qualquer colaborador com conhecimentos na área da informática e com formação técnica adequada poderá desempenhar as funções descritas”.

Como funciona o sistema na Viriato

O sistema de armazenamento robotizado é flexível e permite:

- O armazenamento das embalagens de medicamentos;

- A gestão do armazém de medicamentos;

- A entrega automática de medicamentos ao farmacêutico.

Foram necessárias as seguintes tarefas:

- Conceber hardware para o armazém e para a entrega dos medicamentos;

- Desenvolver ferramentas de software para o robô capazes de gerir todos os movimentos dele, tais como, a manipulação de caixas de medicamentos e sua entrega ao farmacêutico;

- Desenvolver software para o robô capaz de gerir os alarmes de segurança e de intrusão;

- Conceber uma ferramenta de software para o computador capaz de monitorizar, controlar e comunicar com o robô, gerir as existências no armazém, registar todos os medicamentos servidos e registar os alarmes de estoque.

Espanha também abraçou o projeto

Outro exemplo de varejo que adotou a gestão automatizada no território Europeu vem da farmácia Albacete 24h, na Espanha. Devido ao contínuo processo de renovação a Farmácia Albacete automatizou sua loja, dando maior visibilidade no ponto de venda por meio de telas, com um objetivo muito claro: agregar valor aos produtos fornecidos aos seus clientes e melhorar o tempo da atenção farmacêutica dispensada no balcão.

Segundo informações da diretora da farmácia, Felisa Martínez Álvarez, a Albacete mudou completamente, não apenas o seu espaço físico, mas também seu modelo de negócios. “Esse investimento gerou resultados positivos, houve crescimento nas vendas e na percepção do espaço da saúde, além disso, houve uma melhora significativa no aconselhamento farmacêutico e no tempo dispensado ao paciente dentro da farmácia”.

Felisa comemora dizendo que graças à automatização do armazém, a equipe da Farmácia Albacete atua com mais eficiência. “Com a automação conseguimos dar mais agilidade aos processos.  E o resultado é a satisfação total dos usuários. O robô assume os processos mecanizados de colocação de pedidos, dispensação e controle dos produtos. Com o sistema de exposição virtual houve o aumento no impacto visual de ofertas e informações no ponto de venda, devido aos designs planejados”.

Vantagens da automação

A automação nas farmácias permite maior controle do estoque e da administração de medicamentos aos pacientes e ainda reduz gastos. Os dispensários eletrônicos armazenam medicamentos monitorados por um controle computadorizado. Para acessar o equipamento, deve ser feita a leitura biométrica do profissional, que só consegue retirar medicamentos prescritos para o paciente internado e no horário de administração. 

No Brasil, pouco se sabe sobre a adoção deste modelo de automação na dispensação de medicamentos. O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) implantou um sistema pioneiro na rede pública de saúde: a dispensação eletrônica para fornecimento de medicamentos aos doentes internados no hospital.    

Todo item retirado precisa de confirmação por meio da leitura do código de barras, garantindo a segurança do paciente. Atualmente, os equipamentos estão funcionando nas enfermarias adulta e pediátrica e no CTI. A previsão é que, até o fim do ano, todos os enfermeiros sejam treinados e os equipamentos instalados nos demais postos de enfermagem.        

Responsável pelo setor, a farmacêutica Claudia Passos explica as vantagens do uso do sistema: "O mecanismo oferece maior agilidade ao processo de dispensação; facilita o acesso rápido ao medicamento, reduz perdas e ainda acarreta em economia de trabalho no dia a dia da enfermagem, sem precisar fazer um controle manual do estoque tendo mais tempo disponível para o cuidado com o paciente".         

No processo manual (dose individualizada) - que ainda é utilizado em algumas enfermarias -, o farmacêutico confere a prescrição do médico, impressa por meio do sistema e a equipe da farmácia separa o medicamento para ser utilizado no período de 24 horas.    

Os medicamentos sobem diariamente para as enfermarias e um profissional da enfermagem fica responsável por receber, conferir e armazenar a quantidade a ser usada no dia. Quando há perda, falta ou necessidade de devolução, o fluxo se inverte para retornar à farmácia. 

A técnica de enfermagem Talita de Souza Marona trabalha na Enfermaria Pediátrica e aprovou o projeto. "O sistema ajuda muito e facilitou o nosso trabalho. Hoje, consigo resolver tudo aqui no andar. É mais prático e não preciso sair do posto para descer até a farmácia", disse.         

Com a mudança, não há a necessidade do fluxo diário de abastecimento. O suprimento da máquina é feito em um intervalo maior e o próprio sistema emite os avisos de reposição de medicamentos. A farmácia trabalha com um estoque de segurança mínimo e, quando atinge 90% do consumo, o sistema emite um alerta. 

Para garantir a segurança do paciente, o equipamento também alerta caso o profissional assinale um medicamento errado, impedindo a abertura da porta de dispensação. É possível também bloquear automaticamente o acesso a um remédio que porventura tenha o lote recolhido ou suspenso pela Anvisa.             

"Fizemos vários testes anteriormente, junto com a equipe de TI, para validarmos o processo e iniciarmos a implantação em todas as unidades assistenciais do hospital. Assim como nós, o profissional de enfermagem precisa de um tempo para se adaptar ao novo sistema e à nova rotina de trabalho. Estamos acompanhando de perto, diariamente, o funcionamento das máquinas e realizando o abastecimento sempre quando é necessário", explica Claudia.           

A farmácia do Into conta com farmacêuticos, residentes em farmácia, técnicos, estoquistas e pessoal administrativo. A equipe é responsável pelo armazenamento, controle, fracionamento, programação e dispensação dos cerca de 490 mil medicamentos consumidos por mês para o tratamento dos pacientes.       

Na grade de consumo, são 360 tipos diferentes de medicamentos, sendo que os antibióticos, anticoagulantes, analgésicos e anti-inflamatórios são os mais utilizados.

Receita eletrônica

O farmacêutico, Hugo Portela, apontou outra evolução vivida em Portugal, a receita eletrônica, que contribuiu muito para a dinâmica do setor farmacêutico. “A receita eletrônica trouxe muitas vantagens. Há uma comunicação in real time com o serviço nacional de saúde. Já não temos de processar as receitas em papel que era um trabalho moroso. O processamento da receita é mais rápido, e o paciente pode, por exemplo, comprar um medicamento de cada vez em farmácias diferentes”.

O novo sistema de Receita Eletrônica adotada em Portugal, desde 2015, não poderia ser mais simples. O médico prescreve os medicamentos por meio do Cartão de Cidadão e para comprar os medicamentos basta apresentar na farmácia este cartão.

E não é apenas por meio do cartão que o farmacêutico possui acesso à receita. O paciente tem a opção de receber um código da prescrição por SMS. Esse código é digitado na farmácia e através de um sistema integrado ON LINE, o farmacêutico pode acessar a prescrição da receita, facilitando a dispensa da mesma.

Já no Brasil, alguns profissionais da área de saúde ainda prescrevem medicamentos aos seus pacientes à moda antiga, simplesmente escrevendo em uma folha de papel. Porém, este método já se provou pouco efetivo ao longo de sua utilização. Entenda os principais motivos que têm feito ele cair no desuso:

1. A letra do médico

A caligrafia do médico na prescrição pode gerar grandes confusões a respeito da dosagem, instruções de uso e até mesmo da composição na hora do paciente retirar o medicamento na farmácia.

O Código de Ética do Conselho Federal de Medicina (CFM) alerta que os médicos podem ser denunciados e punidos por entregar receitas com letra ilegível aos pacientes. A medida surgiu a partir de ocorrências que já prejudicaram muitas pessoas por ingerir medicamentos errados.

2. Medicamentos de controle especial

Um pequeno erro no nome ou no endereço do paciente, por parte do médico, em prescrições escritas à mão para medicamentos de controle especial pode impedir que o paciente consiga comprar seu medicamento - o que pode ser extremamente prejudicial, haja visto que estes medicamentos são de suma importância para a continuação de seu tratamento.

3. Pacientes desorganizados

O paciente pode perder o papel da receita e, assim, ser obrigado a ir até o consultório do médico para conseguir uma nova prescrição. Isso toma tempo do dia do paciente - que terá que deslocar-se até o consultório -, do médico, que terá que fazer uma nova receita e das recepcionistas, que terão de atender mais um paciente. Mesmo que a perda não seja responsabilidade do médico, ele acaba tendo que lidar com essa situação, que poderia ser evitada pela substituição da prescrição em papel.

Confira as principais vantagens da prescrição eletrônica:

  • Facilidade de leitura
  • Rapidez com que a prescrição é feita e liberada
  • Maior organização e praticidade
  • Diminuição no número de erros na prescrição
  • Agilidade com a farmácia
  • Padronização de medicamentos

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