Cuidados em biossegurança ao se trabalhar com farmácia estética

Cuidados em biossegurança ao se trabalhar com farmácia estética

Durante o planejamento de um consultório de estética, o farmacêutico já precisa ter em mente os cuidados com biossegurança permanente que o irão acompanhar em toda a vida útil de seu negócio. Por mais que possa parecer um serviço seguro de ser ofertado, na estética há riscos tanto para o profissional, como para o paciente, fazendo com que medidas de higiene e proteção sejam condições essenciais para o funcionamento do empreendimento. Em tempos de pandemia de uma doença com alto poder infeccioso, como a Covid-19, se torna mais fácil compreender a adoção dessas práticas.

“O termo biossegurança, segurança da vida, envolve todas as ações voltadas para evitar toda e qualquer contaminação que possa prejudicar o estado de saúde dos seres humanos, seja de forma direta, com a contaminação do indivíduo em si durante algum procedimento; ou indireta, por meio de contaminação adquirida do meio ambiente. A biossegurança trata ainda da prevenção e minimização dos riscos que possam prejudicar a saúde e o bem-estar dos pacientes”, explica a farmacêutica e bióloga, especialista em Saúde Estética Avançada e em Cosmética e Farmácia Magistral, membro do Grupo de Trabalho de Farmácia Estética do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO), Dúria Barbosa Dias.

Com exclusividade ao jornalismo do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, ela contou que dentre as medidas de biossegurança, há os riscos:

- biológico, ligado à exposição a microrganismos como vírus, bactérias e fungos;

- situacional, associado a ferramentas, equipamentos e materiais dispostos no ambiente de trabalho;  

- de operações mal desempenhadas ou mal planejadas; e

 - humano, que também poder ser denominado comportamental, e equivale a todo e qualquer tipo de risco decorrente da omissão e negligência humanas.

A avaliação do paciente, a imunização, a esterilização de materiais e superfícies, o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva e o treinamento constante - tanto do farmacêutico esteta quanto de sua equipe - minimizam os riscos ligados à biossegurança.

Os procedimentos realizados nas clínicas de estética, utilizando materiais perfurocortantes, que resultam em contato com mucosas e fluidos biológicos – microagulhamento, preenchimento dérmico, uso de toxina botulínica, carboxiterapia, intradermoterapia e mesoterapia e criolipólise –, direta e indiretamente, permitem infecções cruzadas, além de possíveis intercorrências aos pacientes. Por isso merecem uma atenção especial quanto às medidas de biossegurança.

A coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho de Farmácia Estética do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), Halika Groke, reforça que o farmacêutico esteta deve utilizar materiais estéreis, em alguns casos para apoio de seringas e cânulas, como bandejas e/ou campos. A utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados e cuidado com a assepsia do local e do profissional são hábitos que não podem ser esquecidos.

Halika também destaca que o consultório deve, obrigatoriamente, atender às exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto à biossegurança, devendo ser um local de fácil higienização e praticidade na realização dos procedimentos.

“Cumprimos exigências. Para você estruturar uma clínica de estética, é necessário todo um projeto conforme a vigilância sanitária solicita. É preciso sala com pia, maca, frigobar, estufa - se você for trabalhar com procedimentos minimamente invasivos, por conta da esterilização dos aparatos técnicos. Tem que ter extintor. Uma clínica é montada conforme todas as normas que a vigilância e o conselho solicitam. Você precisa estar registrado no conselho de classe da sua região, que também tem autonomia para fiscalização”, fala o professor especialista em Farmacoterapia Estética e em Saúde Estética, Pedro Henrique Alves.

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Protocolos e exigências

Como em qualquer outra atividade profissional, o farmacêutico esteta tem normas técnicas de segurança para seguir e garantir a sua saúde e dos pacientes, implementando orientações que possibilitam melhores condições de trabalho, propiciando qualidade nos atendimentos.

É uma das responsabilidades dos estabelecimentos estéticos seguir e respeitar as legislações sanitárias, elaboração e implementação dos procedimentos operacionais padrão (POPs), além de licença sanitária de funcionamento. 

Os POPs descrevem os procedimentos de limpeza e higienização de áreas, superfícies, aparelhos e materiais, bem como procedimentos técnicos profissionais a serem realizados no estabelecimento, passo a passo.

Deve-se seguir a RDC 50/02, da Anvisa, que aprova o Regulamento Técnico destinado ao planejamento, programação, elaboração, avaliação e aprovação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

De acordo com Dúria, tendo em vista que em estabelecimentos de saúde estética haverá a geração de resíduos, é importante que o farmacêutico também observe o disposto na RDC 306/04, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

Diante dessa resolução, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, publicou a Resolução 358/05, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos de serviços de saúde, nas quais os geradores de resíduos de serviços de saúde em operação ou a serem implantados devem elaborar e implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).

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Do armazenamento à coleta

Devido aos riscos do descarte incorreto de resíduos, como contaminação dos seres humanos e do meio ambiente, medidas de controle devem ser implementadas em um plano de biossegurança, em condutas preventivas que visem minimizar tais riscos.

No acondicionamento, embalar os resíduos segregados em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura, reduzindo os riscos de contaminação e facilitando a coleta, o armazenamento e o transporte.

Os sacos de acondicionamento devem ser colocados em lixeiras com tampa sem contato manual. A identificação deve ser especificada para cada grupo de resíduos nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta interna e externa, nos locais de armazenamento, de fácil visualização, utilizando símbolos, cores e frases.

“A coleta dos resíduos de serviços de saúde deve ser realizada por empresa especializada ou pelo próprio órgão de limpeza urbana que ofereça esse serviço. Enquanto aguardam a coleta, os resíduos devem permanecer no local de armazenamento temporário não podendo ser misturados aos resíduos comuns e recicláveis. Materiais perfurocortantes ou escarificantes devem ser descartados em recipientes rígidos, resistentes à punctura e ao vazamento, com tampa e devidamente identificados”, detalha Dúria.

Além da limpeza do ambiente com a higienização e esterilização dos materiais, os aparelhos para realizar o atendimento, toalhas e lençóis devem ser trocados a cada paciente. Também é importante possuir paredes e pisos lisos e impermeáveis para não acumular microrganismos, poeira ou resquícios de secreções. Maca com superfície lisa ou lavável, forrada de lençol TNT ou papel, descartáveis e trocados a cada paciente. A mesa auxiliar (carrinho) deve ter superfície lisa e lavável para acomodar bandeja para os materiais de uso.

“Nós devemos ter todo um cuidado com armazenamento e assepsia. Na realização de procedimentos o paciente tem que estar com a roupa especializada, sempre colocamos touca, propés, avental cirúrgico tanto para ele quanto para os profissionais. Todos os utensílios têm que estar esterilizados para não haver nenhum tipo de contaminação, desde a recepção até o atendimento final”, reitera Alves.

Durante a pandemia, o professor contou que seus pacientes recebem ainda na entrada máscara, propé e álcool em gel. Na saída esse material é descartado para recolhimento especializado.

“A incidência de acidentes com perfurocortantes e a possível contaminação com agentes infectantes estão relacionadas com o gerenciamento inadequado dos resíduos de serviços de saúde. Nós, profissionais, estamos mais vulneráveis, sendo essencial cuidados com o uso de luvas, máscaras e toucas descartáveis (EPIs), além do uso de jaleco com tecido mais grosso e mais seguro, óculos e viseiras higienizados com antissépticos”, alerta Dúria.

Intercorrências

Em casos de intercorrências, a farmacêutica indica que é preciso ter conhecimento científico e anatômico para a orientação ao paciente, mostrando domínio do assunto e segurança para apontar o plano de tratamento mais adequado.

De acordo com Dúria, a indicação de determinado tipo de tratamento por parte do profissional está relacionada ao conhecimento anatômico e fisiológico da substância a ser injetada, o local, bem como a adequada técnica de aplicação e o conhecimento do produto com o qual se trabalha, para que o paciente não apresente, por exemplo, uma reação alérgica ao produto.

Além de informar e orientar ao paciente, o profissional deve estar pronto para atuar adequadamente quando algo der errado, ter alternativas criadas para a reversão do efeito indesejado do tratamento. A cada tratamento proposto pelo profissional, é imprescindível ter amplo domínio das intercorrências que ele pode acarretar, reverter o processo das intercorrências, não esperando para adquiri-los somente no momento em que for necessário utilizá-los.

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