Covid-19: pandemia no Brasil é um acúmulo de erros, diz Drauzio Varella

Covid-19: pandemia no Brasil é um acúmulo de erros, diz Drauzio Varella

O médico Drauzio Varella disse que o Brasil vive “um acúmulo de erros” na pandemia de Covid-19. Ele revelou isso durante entrevista à GloboNews, apontando seis falhas graves cometidas pela população e autoridades públicas, especialmente as do governo federal.

Dentre os equívocos mais contundentes estão: as falhas do Governo na chegada do vírus ao País; os desajustes na reabertura econômica; a resistência ao isolamento e ao uso de máscaras; os riscos desconhecidos da volta às aulas; a aposta errada na vacina como solução imediata; e as perspectivas para a resposta imunológica duradoura. “Não nos preparamos adequadamente para a chegada do vírus”, explicou Drauzio Varella à GloboNews nesta quinta-feira (6/8).

Antes da chegada do vírus o País poderia ter se preparado, pois já tinha ciência que a doença era grave e estava fazendo muitas vítimas, sobretudo na Europa. “Primeiro, nós não nos preparamos adequadamente para a chegada do vírus aqui, e, sabidamente, ele vinha”, disse o médico.

Varella lembrou que, apesar das recomendações de cientistas sobre a necessidade de isolamento para conter a disseminação do vírus, houve “contradição” nas orientações dadas à população pelos governos estaduais e o federal. “Todo o pessoal de ciência dizendo 'o isolamento é fundamental', e o governo federal apontando na direção oposta”, criticou.

Em relação à retomada econômica, Varella destaca que “tinha que ter tido um isolamento muito rápido e muito eficaz” para os efeitos serem bem assimilados. “Você não vai encontrar um epidemiologista digno desse nome que te diga que está na hora de abrir. Não vai pegar um país que está tendo mil mortes por dia e achar que está tudo bem, que as pessoas podem ir para a rua”, afirmou.

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Para Varella, o problema do isolamento é que ele precisava ter sido efetivo e começado na fase inicial. “Tinha que ter sido um isolamento muito rápido. E muito eficaz, abrangente, chegar a níveis de 60%, 70%, porque aí você consegue ter um controle da epidemia”.

O comportamento das pessoas contou muito também para aumentar o problema, segundo o médico, sobretudo a resistência ao isolamento social, com vários indivíduos deixando de adotar as medidas de proteção necessárias contra a Covid-19. Para ele, devido à variedade clínica da doença – que, em algumas pessoas, não causa sintomas e, entretanto, pode ser letal em outras – alguns grupos, principalmente os mais jovens, não fazem o isolamento social.

“Nós não temos uma consciência de que, se eu vou para a rua e pego o vírus, eu estou fazendo mal para a sociedade, porque eu vou manter esse vírus por mais tempo em circulação e vou espalhar também”.

Outro tema que as autoridades das três esferas de governo estão batendo cabeça diz respeito à volta às aulas. Varella disse não saber quando seria o momento certo dessa volta, mas avaliou que ninguém sabe. “Com toda essa disseminação que temos no País, não é só colocar a criança na escola, porque não é apenas isso. A criança não é transportada por telepatia. Alguém vai ter que levar, ou ela vai ter que frequentar um transporte coletivo, volta para casa depois”, lembrou o médico.

Drauzio pontuou, ainda, que, apesar de as crianças parecerem ser menos atingidas pela Covid-19, não ficou demonstrado que elas transmitem menos a doença. “É um vírus altamente contagioso. Isso que as pessoas esquecem", salientou. “Se você se expõe, você se infecta com o vírus. Quanto mais gente se expõe, mais gente se infecta, mais tempo dura a epidemia”. Crianças podem “transmitir o vírus para dentro de casa”, concluiu.

A confiança na solução vinda apenas pela vacina é apontada pelo médico como outro erro, pois há muitos desafios na produção e distribuição do antígeno para a Covid-19. “A vacina não vai resolver o problema atual”, afirmou. “Pode ser que, quando chegue essa vacina, ela não vá ser tão necessária quanto é agora, porque pode ser que, até metade do ano que vem, você vai ter já uma epidemia mais arrefecida”.

Há outras prioridades, alega Varella. “Agora é hora de evitar aglomeração, de usar máscara”, reforçou. “Eu acho que não usar máscara na rua é um absurdo tão grande que eu fico olhando essas pessoas. O que leva um cidadão a andar sem máscara? Que estupidez do comportamento humano é esse? Uma pessoa no auge de uma epidemia, morrendo gente, se negar a pôr a máscara?”, questionou.

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Por fim, Varella comentou sobre complexidade da resposta imunológica do corpo à Covid-19. “Quando entra um microrganismo, inicialmente ele [o sistema imunológico] reconhece e monta uma resposta contra. Essa resposta tem dois braços: primeiro ele joga anticorpos em cima do microrganismo invasor, que funcionam como mísseis”, explicou o médico.

“E, ao mesmo tempo, ele ativa várias células do sistema imunológico, vários tipos de glóbulos brancos, os linfócitos, macrófagos, os neutrófilos e outras células para correr e destruir o vírus, inclusive o vírus que já conseguiu entrar dentro das células que infectou. É a chamada imunidade celular. A dos anticorpos é chamada de humoral”, descreveu.

Segundo o médico, contra os vírus, a imunidade mais importante é a celular, não é a humoral (de anticorpos). “Essa imunidade [celular ao vírus] é mal conhecida. Ela é toda dirigida para os anticorpos, porque são os anticorpos que você vai usar para testar a eficácia da vacina. Mas, na verdade, pode ser que eles não sejam tão importantes”, completou.

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