Estudo identifica grupo raro que controlou HIV sem medicação

Estudo identifica grupo raro que controlou HIV sem medicação

Estudo inédito publicado ontem (2/2) na revista EBioMedicine/The Lancet encontrou na República do Congo um grupo de 429 pessoas entre 10 mil pesquisadas que viviam com o HIV indetectável. Chamou a atenção dos pesquisadores o fato de essas pessoas não utilizarem qualquer tipo de medicação para controlar o vírus, revelou o Viva Bem UOL.

Chamadas de ‘controladores de elite do HIV’, esses indivíduos têm a carga viral tão baixa ou não detectável que acabam não transmitindo o vírus. O mais impressionante é que os homens e mulheres que participaram da pesquisa não fazem uso de qualquer antirretroviral de tratamento.

“Esta alta frequência encontrada é incomum e sugere que há algo interessante acontecendo em um nível fisiológico na República do Congo”, afirmou o diretor do Centro de Saúde Global do Hospital Johns Hopkins, Tom Quinn, um dos autores da pesquisa.

Para os pesquisadores responsáveis, o estudo vai estimular pesquisas adicionais que procuram compreender essa resposta imunológica única. Os resultados podem aproximar cientistas do objetivo de acabar com a pandemia de HIV, descobrindo ligações entre esse bloqueio natural do vírus e tratamentos futuros, mais eficientes em suprimir sua ação.

“As pessoas que são capazes de controlar naturalmente o HIV têm uma resposta imunológica realmente única, que pode nos dar pistas sobre como melhorar tratamentos”, salientou a cientista que coordena o programa de Vigilância Viral do laboratório Abbott, Mary Rodgers, uma das autoras do estudo. “A comunidade de pesquisa global tem mais trabalho a fazer, mas aproveitar o que aprendemos com este estudo nos coloca mais perto de possivelmente eliminar o HIV”, completou.

De acordo com o virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em HIV, Amilcar Tanuri, no Brasil, os ‘controladores de elite’ são raríssimos. “Em um estudo do qual participei como pesquisador no Rio de Janeiro, em cerca de sete mil pacientes, achamos apenas seis indivíduos nessas condições. Consideramos que são 0,1% da população brasileira. Na Republica do Congo, agora sabemos que a taxa é 2,4% da população, vinte vezes mais”, explicou o médico ao Viva Bem, que avalia que a pesquisa foi feita com todos os controles científicos necessários.

O principal mérito do estudo, na análise de Tanuri, é abrir portas para entender se o fenômeno foi causado pelo vírus ou pela resposta do hospedeiro. “Ou existe uma cepa menos agressiva ou é a genética do infectado que responde de forma diferente. É nisso que as próximas pesquisas devem focar”, pontuou.

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Estudo abre possibilidade de eliminação do vírus

“O estudo realizado na República do Congo sugere que há uma mudança fisiológica naquela população”, revela a coordenadora acadêmica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e especialista em farmácia clínica e prescrição farmacêutica, Juliana Cardoso.

“A capacidade do vírus de sofrer mutação é descomunal, e por essa característica demanda dificuldade para o seu tratamento. Contudo, a capacidade do sistema imunológico rebater esse ‘drible’ viral encontrado em uma considerável percentagem de pessoas é uma novidade animadora para nós pesquisadores”, comemora a especialista.

“A partir dessa descoberta, equipes de pesquisadores multiprofissionais, incluindo farmacêuticos, poderão avaliar a mudança genética, fisiológica e imunológica na resposta do hospedeiro à infecção, aproximando os cientistas dos seus objetivos, eliminando finalmente o vírus dos pacientes ou fazendo uso da terapia imunológica concomitante à utilização do tratamento farmacológico ou até mesmo substituindo o uso de antirretrovirais”, acredita Juliana.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 38 milhões de pessoas vivem hoje com HIV no planeta, mas apenas cerca de 1% dos infectados consegue controlar a ação do vírus sem usar qualquer droga.

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O HIV é um retrovírus da subfamília dos Lentiviridae, que se propaga por meio de fluidos corporais como sangue, leite materno, sêmen e líquidos secretados durante o sexo. Ele ataca as células T CD4, um tipo de linfócito que ajuda a proteger o organismo de doenças. O DNA da célula é alterado pelo HIV, que faz cópias de si mesmo para se multiplicar. Assim, o vírus rompe os linfócitos e continua a infecção.

Basicamente, existem dois principais tipos de vírus – HIV1, de longe o mais prevalente, e o HIV2, que é mais comum no continente africano e de mais difícil transmissão. O grupo no qual o estudo focou possui o HIV1.

Como os micro-organismos se multiplicam muito rapidamente, existem diferentes variantes genéticas do vírus, identificadas pelos cientistas por letras e números. “A mutação (do HIV) é entre 20 a 30 vezes mais rápida do que a do coronavírus, por exemplo”, diz Tanuri, que aponta essa como a principal dificuldade para a criação de uma vacina.

“Outro obstáculo para o imunizante é que o vírus infecta o sistema imune e se integra no genoma do hospedeiro. Para destruí-lo rapidamente antes que ocorra a integração, a vacina precisaria ser ultraeficaz e esterilizante”, explicou o virologista.

Aids é o estágio mais avançado da infecção pelo HIV e surge quando a pessoa apresenta infecções oportunistas, como tuberculose e pneumonia, que ocorrem devido à baixa imunidade ocasionada pelo vírus. Atualmente, como uso de medicamentos antirretrovirais, muitas pessoas vivem normalmente com HIV sem nunca desenvolver Aids.

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