Empresário francês é condenado a pagar R$ 300 mil por oferecer cloroquina a funcionários

Empresário francês é condenado a pagar R$ 300 mil por oferecer cloroquina a funcionários

René Pich, fundador da SNF, uma das maiores multinacionais do setor químico da França, foi condenado na Justiça a pagar uma multa de € 50 mil (mais de R$ 300 mil) por ter oferecido comprimidos de cloroquina a seus funcionários durante a pandemia, revelou a RFI. O uso do produto contra a Covid-19 é proibido na França.

Segundo o tribunal francês que o julgou na semana passada, Pich foi processado por exercício ilegal das profissões de farmacêutico e médico, aquisição ilícita de drogas, contrabando e porte de substâncias tóxicas.

A investigação foi aberta em abril de 2020 após um relatório da Inspetoria do Trabalho na região do Loire, desencadeado por uma nota do réu informando 384 membros da administração da SNF, empresa de tratamento de água presente em 130 países, sobre a aquisição de comprimidos de fosfato de cloroquina, que ele colocava à disposição dos funcionários.

No tribunal, Pich confessou que não deveria ter feito isso, afirmando, contudo, sem convencer o Ministério Público ou as partes civis, de ter encomendado o produto “com o fim de salvar vidas, num contexto de escassez da substância”, sem saber que se tratava de um produto reservado à utilização exclusiva com receita médica.

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O empresário havia adquirido 1.200 tabletes de comprimidos de cloroquina, produzidos na Índia, por meio de uma plataforma canadense na internet. Pleiteando sua liberação, os advogados argumentaram que nenhum dos 1.350 funcionários franceses do grupo havia tomado os comprimidos de cloroquina encomendados por Pich pela internet.

“Seria difícil para eu ser gerente de recursos humanos da sua empresa, senhor Pich”, ironizou o representante do Ministério Público, André Merle, em relação ao réu, que se encontra em conflito aberto com os sindicatos de trabalhadores há anos na França, segundo apurou a RFI.

Os sindicatos “cumpriram o papel de denunciantes”, segundo afirmou a advogada da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), Sofia Soula-Michal. François Dumoulin, assessor de outro grande sindicato francês, a CGT, afastou o argumento do ‘estado de necessidade’ apresentado pela defesa do empresário, acreditando que o dirigente “pressionou os empregados para que permanecessem no posto de trabalho custe o que custar” durante o primeiro confinamento em 2020.

Cloroquina não funciona

Estudos científicos já demonstraram que a cloroquina e sua derivada hidroxicloroquina não trazem qualquer benefício contra a Covid-19. Em março, a OMS foi definitiva contra o uso da substância no tratamento da Covid-19. Após revisar seis ensaios clínicos com 6.000 pessoas, os especialistas da entidade concluíram que a hidroxicloroquina não influencia nas taxas de infecção e, provavelmente, aumenta o risco de efeitos adversos, como problemas cardíacos. “A hidroxicloroquina não é mais uma prioridade de pesquisa”, concluíram os especialistas.

Os próprios fabricantes não recomendam o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. Quatro indústrias farmacêuticas que fabricam esses medicamentos no Brasil vetaram o seu uso para tratar a doença.

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PhD em Farmacologia, Thiago de Melo professor de pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, aponta os riscos da utilização da hidroxicloroquina na terapia dos pacientes infectados pelo novo coronavírus.

“Recentemente, a literatura tem apresentado os problemas de arritmia cardíaca pela associação (de medicamentos). Então, quando se fala em hidroxicloroquina é importante lembrar que esses indivíduos não estão somente tomando essa substância. Esse que é o verdadeiro problema que, inclusive, tem sido pouco comentado na mídia. A hidroxicloroquina é um medicamento arritmogênico, mas o problema principal é a sua associação com a azitromicina que também é”, explica Melo.

“Essas duas drogas juntas representam uma outra conversa. Nesse caso, estamos diante de uma interação medicamentosa. E detalhe, há pouca discussão sobre isso, como não é uma associação comum, ao longo da história, muitas pessoas que apresentam quadro de parada cardíaca devido a essa associação podem cair na conta das mortes por Covid-19”, salienta o professor.

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