Familiares de pacientes que passaram por exame com contraste iodado liberado em caráter emergencial no Hospital NotreCare (SP), em outubro, denunciaram uma onda de reações adversas, especialmente envolvendo taquicardia, tremores e mal-estar.
O episódio reacende a importância da atuação do farmacêutico em serviços de diagnóstico, especialmente na identificação precoce de reações adversas e na orientação aos pacientes antes e depois de procedimentos que envolvem o uso de contrastes iodados.
Segundo relatos colhidos pela reportagem do portal G1, cerca de 30 minutos após o início do procedimento de tomografia com o contraste iodado, diversos pacientes passaram a manifestar sintomas como frio intenso, arrepios, tremores corpóreos e taquicardia, mesmo sem antecedente de problemas cardíacos.
Um dos familiares descreveu: “ele dizia que o coração estava doendo, e que as mãos e os pés tremiam como se não fossem dele”, afirmou ao G1.
Outro relato menciona sensação de desorientação e mal-estar geral: “Ela ficou com uma inquietação que nunca vira, ficou dizendo que estava com calafrios e como se o corpo inteiro estivesse vibrando”, disse um familiar.
Essas manifestações colocam em evidência o risco de reações adversas mesmo em procedimentos considerados de rotina e já amplamente utilizados, o contraste iodado, quando liberado em caráter emergencial. Segundo especialistas, embora reações adversas graves sejam raras, elas podem ocorrer e exigem atenção imediata.
Entre os sintomas relatados:
- Taquicardia: batimentos acelerados, palpitações e sensação de “o coração correndo”.
- Tremores: vibrações visíveis no corpo, principalmente mãos e pés, às vezes seguidas de frio intenso ou arrepios.
- Mal-estar geral: sensação de fraqueza, desorientação, calafrios, e em alguns casos, náusea ou vômito.
- Frio súbito: relatos de pacientes dizendo sentir “gelado por dentro” ou com tremores mesmo em ambiente aquecido.
A reportagem cita que, diante da emergência da situação, o hospital teria optado pelo uso do contraste iodado sob autorização rápida, o que, segundo especialistas, caracteriza uma exposição potencialmente com menor margem de preparo ou monitoramento prévio.
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Os entrevistados destacam que não foram previamente informados (ou ao menos deram conta de) sobre a possibilidade de tais reações, nem sobre o monitoramento prolongado após o procedimento. Alguns afirmaram que os sintomas começaram a se intensificar após a saída da sala de exames, quando imaginavam estar fora de risco.
Especialistas consultados lembram que, ainda que o contraste iodado seja considerado seguro para a maioria dos pacientes, existem fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de reação adversa:
- Hipersensibilidade ou alergia prévia a contrastes ou iodo.
- Doenças renais, cardíacas ou tireoidianas não completamente avaliadas.
- Uso de medicações que interagem ou alteram a resposta à substância.
- Procedimentos de emergência com menor preparo ou avaliação pré‐procedimento: o que pode agravar o risco.
Diante dos relatos, a reportagem ressalta que é fundamental:
- Realizar triagem rigorosa de histórico alérgico ou de reação anterior a contrastes iodados ou iodo.
- Monitoramento pós‐procedimento imediato — e não apenas no momento da aplicação.
- Informar adequadamente o paciente/familiar sobre a possibilidade de reações, sintomas de alarme e canal de retorno para atendimento.
- No caso de liberação emergencial, reforçar cuidados de observação e suporte clínico após o exame.
Para os familiares, a experiência deixou marcas: além do susto inicial, alguns pacientes relatam que levaram horas para se sentir “normais” novamente, e que exigiram acompanhamento médico adicional. “Foi como se algo tivesse entrado no corpo dela e começado a funcionar sozinho, e demorou para a voltar ao normal”, comentou um parente em depoimento à G1.
A situação reabre o debate sobre segurança de procedimentos emergenciais, consentimento informado e a necessidade de vigilância ampliada em exames com contraste, principalmente quando há liberação em caráter emergencial, com possível menor preparo prévio.
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