A Pfizer fechou um acordo avaliado em até US$ 10 bilhões para comprar a startup de medicamentos para perda de peso Metsera, encerrando uma batalha dramática por sua aquisição depois que a Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, tentou interferir no processo com uma nova proposta não solicitada superior ao lance anterior da Pfizer.
A oferta não solicitada da Novo Nordisk foi apresentada no fim de outubro e deu início a uma semana de guerra de lances pela Metsera. Na sexta-feira (7) a empresa de biotecnologia anunciou que optou por fechar a transação com a Pfizer por causa das preocupações antitruste em relação à oferta da Novo levantadas pela Federal Trade Commission (FTC), a agência reguladora da concorrência nos Estados Unidos.
O novo acordo de aquisição da Pfizer avalia a Metsera em até US$ 2,7 bilhões a mais do que sua proposta anterior, acertada em setembro. Como parte da transação, os acionistas da Metsera receberão um pagamento adiantado de US$ 65,50 por ação em dinheiro e mais US$ 20,65 por ação condicionados ao cumprimento de determinadas metas de ensaios clínicos.
A Metsera informou ter recebido um telefonema da Federal Trade Commission em que a agência fazia um alerta sobre a estrutura incomum do acordo com a Novo, o que a levou a concluir que ele “apresenta grandes riscos legais e regulatórios que são inaceitáveis”. A Novo, junto com a Eli Lilly, é uma das empresas que dominam o mercado de tratamentos para perda de peso, com seus medicamentos Ozempic e Wegovy.
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A estrutura incomum em duas etapas do acordo com a Novo – que ofereceu pagar aos acionistas da Metsera mais de US$ 7 bilhões logo depois de sua assinatura, por meio de um dividendo – levou a Pfizer a entrar com ações judiciais para impedir a aquisição e a advertências da FTC de que ela “pode violar” as regras antitruste.
Em uma carta ao conselho da Metsera no início da semana passada, a FTC disse que poderia exigir “o reembolso de quaisquer valores pagos por antecipado”. Na sexta-feira, a Metsera acrescentou que um dos riscos da transação com a Novo era de “que o dividendo inicial pode não ser pago nunca ou ser contestado ou rescindido posteriormente”.
Fundada há apenas três anos e com 100 funcionários, a Metsera possui uma das carteiras mais promissoras de tratamentos experimentais contra a obesidade, entre eles uma injeção mensal de efeito prolongado, um comprimido para emagrecer e medicamentos que usam um mecanismo químico diferente, a amilina.
A batalha pela aquisição envolveu uma acirrada troca de farpas entre a Pfizer e a Novo. Sob o comando de seu novo executivo-chefe, Maziar Mike Doustdar, a Novo tenta reverter uma queda de 50% no preço de suas ações, já que os investidores temem que esteja sendo superada pela Eli Lilly na corrida dos medicamentos para perda de peso. Enquanto isso, a aPfizer busca comprar um espaço nesse mercado lucrativo depois que o medicamento que vem desenvolvendo fracassou em ensaios clínicos no início deste ano.
Na quinta-feira, quando estava na Casa Branca para anunciar um acordo sobre preços de medicamentos, Doustdar disse que a Novo tinha superado a oferta da Pfizer e provocou sua rival americana a melhorar sua proposta.
“Nossa mensagem para a Pfizer é: se eles quiserem comprar a empresa, então que ponham a mão na carteira e façam uma oferta maior, este é um mercado livre”, afirmou. Ele acrescentou que “isso não tem nada a ver com a FTC”.
Em uma teleconferência de resultados no início da semana passada, o executivo-chefe da Pfizer, Albert Bourla, criticou a oferta da Novo pela Metsera. “É um ataque ilegal de uma empresa estrangeira para contornar as leis antitruste, aproveitando-se do fechamento do governo.”
No sábado, a Novo Nordisk informou que não aumentaria sua oferta pela empresa de biotecnologia por conta de seu compromisso com a “disciplina financeira e o valor para os acionistas”. A farmacêutica dinamarquesa acrescentou que acredita que a estrutura do acordo de possível fusão proposto está em conformidade com as leis antitruste.
No início deste mês, a FTC concedeu um chamado aviso de término antecipado ao acordo da Pfizer — uma medida rara que na prática o dispensa do processo formal de revisão antitruste —, já que o governo está fechado. O acordo da Pfizer será submetido à votação dos acionistas na quinta-feira (13).
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