"Cloroquina não tem efeito colateral" afirma Bolsonaro

Cloroquina não tem efeito colateral afirma Bolsonaro

Durante transmissão ao vivo pela internet, na última quinta-feira (26/03), o presidente da República, Jair Bolsonaro, defendeu o uso da hidroxicloroquina e cloroquina no combate ao novo coronavírus (Covid-19). No pronunciamento, mesmo contrariando o que diz a bula do próprio medicamento, o governante afirmou que o fármaco não tem efeitos colaterais.

“Aplica logo, pô”, disse Bolsonaro. “Sabe quando esse remédio começou a ser produzido no Brasil? Ele começou a ser usado no Brasil quando eu nasci, em 1955. Medicado corretamente, não tem efeito colateral”, disse o presidente.

Vale ressaltar que, apesar da declaração do Bolsonaro, a bula do medicamento explica que o uso da substância apresenta efeitos colaterais comuns em muitos pacientes, como, por exemplo: cefaleia, irritação do trato gastrointestinal, distúrbios visuais e urticária, entre outras reações adversas. As orientações ainda explicam que doses diárias altas podem resultar em retinopatia e ototoxicidade irreversíveis.

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Muitos especialistas também alertam para o uso inadequado do produto. Por meio de um vídeo publicado nas redes sociais, o vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), Marcelo Polacow, falou sobre a hidroxicloroquina e alertou sobre os riscos da automedicação: "São necessários mais testes para que seja feita a indicação clínica. O FDA acabou de liberar esses testes nos pacientes com o novo coronavírus, porém, esse medicamento é um produto tarjado como todos os outros tarjados. Necessita de receita médica e não pode ser vendido sem prescrição".

O farmacêutico ainda completou: "Esse medicamento precisa ser prescrito na dosagem correta, no tempo correto, além disso, esse produto pode ser extremamente perigoso [se utilizado da forma incorreta], não pode ser usado por gestante, pode causar comprometimento cardíaco e distúrbio ocular, podendo levar até a cegueira. Infelizmente, eu recebi informações que muitos pacientes estão comprando e vão fazer uso como automedicação”.

Polacow ainda fez uma recomendação: "Eu ressalto aos meus colegas farmacêuticos que não vendam esse produto sem receita médica, e peço que orientem o paciente sobre a forma correta de usar, quando houver prescrição médica, e realmente tiver indicação para isso [tratamento do novo coronvírus]".

Órgãos responsáveis pelo controle de medicamentos em território nacional também já se manifestaram em relação ao uso da hidroxicloroquina. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou uma nota técnica sobre o assunto, ressaltando os riscos da automedicação:

 “Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos [hidroxicloroquina e cloroquina] para o tratamento da Covid-19. Assim, não há recomendação da Anvisa, no momento, para o uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação. Ressaltamos que a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”.

Outras polêmicas

Durante uma entrevista em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República, Bolsonaro também ironizou o uso da cloroquina. Na ocasião, o presidente ofereceu o medicamento aos jornalistas, chamando a atenção para a comercialização clandestina do produto.

"Ouvi dizer que está custando um pau (R$ 1 mil) cada um. Alguém vai comprar aí? Tô fazendo negócio! Se alguém precisar a gente conversa", disse o presidente, que possuía duas caixas do medicamento na mão.

Ainda na ocasião, Bolsonaro fez declarações sobre a imunidade da população: “O brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto ali, sai, mergulha, tá certo? E não acontece nada com ele. Eu acho até que muita gente já foi infectada no Brasil, há poucas semanas ou meses, e eles já têm anticorpos que ajudam a não proliferar isso daí", opinou o presidente.

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