Salários Baixíssimos são a realidade nas farmácias da Venezuela

Os venezuelanos enfrentam uma severa crise econômica, altamente dependente das importações, com uma inflação de três dígitos e graves problemas de desabastecimento de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos desde 2014.

E o que estava ruim...piorou, já que a situação se agravou nos últimos meses. A inflação passou a ser a maior do mundo, segundo o FMI. A escassez de remédios levou o Parlamento a decretar crise humanitária. O racionamento de energia, a falta de itens básicos no supermercado e o aumento da insegurança pioraram o descontentamento social, e surgiram ainda mais protestos e saques.

Com isso, já era de se esperar que o mercado farmacêutico também estivesse agonizando, principalmente no que se refere aos salários dos profissionais e à falta de medicamentos.

Hector Barreto Ramón Cabello é farmacêutico e presidente do Colégio de Farmacêuticos do Estado de Monagas, na Venezuela. Ele é tão atuante e apaixonado pela profissão que é o autor do hino do farmacêutico aceito no país, intitulado CANTO AL FARMACEUTICO, feito na Faculdade de Farmácia da Universidade dos Andes, em Mérida.

“Atualmente, quando a Venezuela passa por uma grave crise inflacionária, os medicamentos têm um valor nominal calculado com um dólar subsidiado a 10 bolívares (R$ 3,27), mas não sabe onde isso está indo. O medicamento é subsidiado, mas, aparentemente, esse subsídio não chega às farmácias e muito menos ao povo”, critica Cabello. É ele quem explica os detalhes da farmácia e profissão farmacêutica na Venezuela. Acompanhe:

1 – Regulamentação do comércio farmacêutico        

Na Venezuela, o segmento é regulamentado por meio de diferentes órgãos governamentais: Ministério do Poder Popular para a Saúde pelo Departamento de Controle Sanitário (esta é a entidade que regula a atuação do farmacêutico), Ministério do Comércio, Farmapatria, Sundee e SENIAT.

As farmácias são propriedades de farmacêuticos, e essa exigência é coberta pelas leis que governam a prática da farmácia da Venezuela.  Essa legislação proíbe, expressamente, as associações entre farmacêuticos e médicos, dentistas, enfermeiros ou outros profissionais de saúde. “Infelizmente, desde o Movimiento V República há uma permissividade extrema com relação a essa lei e, hoje, muitos médicos são listados como proprietários de estabelecimentos farmacêuticos, sob o olhar complacente das autoridades”, revela Cabello.

No país, a responsabilidade científica e técnica é unicamente do gerente farmacêutico do estabelecimento e a responsabilidade penal também recai sobre proprietário.

Há também a exigência da presença do farmacêutico em tempo integral, como determina a Lei de Práticas de Farmácia e Regulamentos, da Lei de Medicamentos. Cada profissional deve passar oito horas por dia no local.

2 - Perfil das lojas

As farmácias tradicionais, na Venezuela, continuam sendo fundamentais na assistência farmacêutica. É pelos pacientes que o farmacêutico trabalha e se dedica no seu dia a dia, para fornecer informações de qualidade e, principalmente, orientações sobre o uso racional de medicamentos.

No entanto, as farmácias de rede tem se tornado lojas de conveniência (o que é permitido por lei), onde o paciente é um cliente que vem em busca de produtos, e não de orientações. “Nesses locais é mais importante o som do dinheiro do que a assistência ao paciente”, critica Cabello.

Com relação à localização dos medicamentos dentro dos estabelecimentos, os atendentes dispensam medicamentos prescritos (que ficam dentro do balcão), mas sob a supervisão e orientação farmacêutica permanente, cumprindo as exigências sanitárias de medicamentos para serem vendidos com receitas médicas. Os isentos de prescrição são de venda livre, mas com a respectiva orientação.

“No entanto, em farmácias de rede os medicamentos de balcão estão disponíveis para as pessoas que circulam pelos corredores, e elas podem comprá-los por seu próprio risco, sem a obrigação da dispensação farmacêutica”, alerta Cabello.

5 - Prescrição farmacêutica na venezuela

A farmácia clínica é uma especialização da prática farmacêutica da Venezuela e o farmacêutico clínico desempenha um papel fundamental em hospitais privados e públicos, sempre atuando em conjunto com a equipe de saúde no sentido de oferecer qualidade de vida aos pacientes e contribuir para o uso racional de medicamentos, além de proporcionar melhor utilização dos orçamentos.

Nas farmácias comunitárias, os farmacêuticos não estão habilitados a prescrever, o que é considerado um ato médico ou odontológico pelas leis do país. Os farmacêuticos podem fornecer orientações e ajudar primariamente os pacientes em assuntos ligados aos medicamentos.

Por conta da grave crise do país, a maioria dos farmacêuticos critica a impossibilidade da prescrição na farmácia, já que o acesso aos cuidados médicos é muito restrito. Assim, a atuação do farmacêutico prescritor poderia ajudar imensamente a população da Venezuela.

6 - Remuneração do farmacêutico

O salário mínimo dos farmacêuticos, conforme estabelecido pela Federação Farmacêutica da Venezuela, deve ser o relativo a 5,37 salários mínimos locais, (que atualmente é de 97,531 bolívares). Isso equivale a um salário mensal de 523,736.10 bolívares (R$ 171,23), mais um bônus de 153,000.00 bolívares (R$ 50,00).

A inflação no país é galopante e os salários são baixos. E há farmacêuticos que ganham menos que isso. Segundo nosso entrevistado, eles chegam a receber entre 200,000.00 bolívares (R$ 65,39 ) e 250.000,00 bolívares (R$ 81,73), Essa é a triste realidade do mercado farmacêutico e do povo venezuelano.

Os farmacêuticos atuantes na indústria são cobertos por contratos coletivos, mas, nos últimos anos, eles têm perdido seus empregos, pois as fábricas estão em situação difícil e estão demitindo. Dessa forma, eles aceitam o disponível.

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