Novo composto combate o câncer de ovário com menos efeitos colaterais

Novo composto combate o câncer de ovário com menos efeitos colaterais

No Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP), pesquisadores e colaboradores conseguiram desenvolver um composto à base de paládio, metal branco prateado, que pertence ao mesmo grupo da platina, capaz de combater as células do tumor de ovário sem causar danos ao tecido saudável.

Nos testes, realizados in vitro, com linhagens de células tumorais, a molécula utilizada apresentou uma ação diferenciada e mais potente que a do cisplatina, fármaco comum e bastante usado, atualmente, no tratamento contra esse tipo de câncer. O novo medicamento apresentou bons resultados até mesmo em classes tumorais resistentes à terapia atual.

 “A cisplatina é um quimioterápico muito eficiente para esse tipo de tumor, que costuma ser bastante agressivo e precisa ser combatido rapidamente. No entanto, o tratamento pode apresentar efeitos colaterais muito severos, principalmente para os rins, sistema nervoso e auditivo. Isso ocorre porque a molécula (cisplatina) não é muito seletiva, ou seja, afeta também células saudáveis”, explicou o professor do IQSC-USP e coordenador da pesquisa, Victor Marcelo Deflon, em entrevista publicada no Estadão.

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De acordo com os pesquisadores, os compostos de paládio são metabolizados de forma muito rápida no organismo dos pacientes, dificultando sua penetração e ação na célula tumoral e no alvo molecular. Por isso, para tornar o princípio ativo dessas substâncias mais potentes na terapia contra a doença, eles precisaram, então, desenvolver moléculas mais estáveis com o metal.

Em seguida, vários compostos à base da platina e do paládio foram produzidos pelos estudiosos. Após efetuar muitos testes, os cientistas descobriram duas moléculas que, além do paládio, são portadoras de complexos chamados tiossemicarbazonas, classe de propriedades que produz efeito de estabilização.

Segundo os pesquisadores, as estruturas químicas dos compostos foram selecionadas por meio de uma técnica conhecida como difração de raios X, em que se observa como o material difrata a radiação emitida sobre ele.

Certos tipos de compostos da classe das tiossemicarbazonas são identificados por sua atuação na chamada topoisomerase, enzima presente em tumores, que é ativa no processo de replicação do DNA, sendo, então, um potencial alvo para os quimioterápicos.

Em contrapartida, a ação da cisplatina ocorre, efetivamente, no DNA, causando mudanças nas estruturas do material genético que impactam no impedimento da replicação. “São alvos diferentes, mas tanto a cisplatina quanto os compostos de paládio inibem o processo de divisão celular do tumor”, explicou Deflon.

Resultados

Nesse sentido, o complexo 1, nome dado à combinação mais assertiva de paládio e tiossemicarbazonas, conseguiu atuar, diretamente, na topoisomerase. Os testes realizados nas células tumorais demonstraram que 70% do complexo atravessam a membrana celular em 24 h.

Outro motivo pelo qual o complexo 1 mostrou uma ação quase três vezes superior à da cisplatina no combate às células tumorais foi porque, além da ação apresentar um resultado mais eficaz, ele não afeta células saudáveis, pois confere menor toxicidade à molécula e, consequentemente, evita efeitos colaterais nas terapias atuais aplicadas em pacientes.

Vale ressaltar que, agora, os pesquisadores estudam desenvolver outros tipos do complexo 1 em versões ainda mais ativas. O objetivo deles é achar uma molécula que possa ser testada em animais para, apenas depois, experimentar a ação em humanos.

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