Com o uso indiscriminado da furosemida para fins estéticos, cresce a necessidade de orientação farmacêutica

Com o uso indiscriminado da furosemida para fins estéticos, cresce a necessidade de orientação farmacêutica

O uso indiscriminado de medicamentos diuréticos, especialmente a furosemida, tem se tornado um hábito preocupante entre pessoas que buscam ‘secar’ rapidamente ou eliminar o inchaço corporal. Entretanto, especialistas alertam que o resultado pode ser desastroso. Segundo o farmacêutico clínico esportivo e professor do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, PhD José Henrique Bomfim, a furosemida é um dos fármacos mais potentes da sua classe, e seu uso sem prescrição representa sérios riscos à saúde, incluindo desidratação severa, desequilíbrio eletrolítico e até parada cardiorrespiratória.

“Os riscos estão associados ao uso indevido de qualquer medicamento sem indicação adequada, mas no caso da furosemida, por seu efeito diurético potente, pode ocorrer desidratação severa, perda de eletrólitos e descontrole vascular e cardíaco”, explica o especialista.

A furosemida é um diurético de alça, ou seja, atua diretamente nos rins, aumentando a excreção de água e sais minerais. Esse efeito é essencial em situações clínicas controladas, mas perigoso quando utilizado com finalidades estéticas. “O uso off-label, especialmente por atletas e bodybuilders, é uma prática antiga e arriscada. Muitos utilizam o medicamento para acelerar a excreção de substâncias dopantes ou para promover desidratação antes de competições”, relata Bomfim. “Mas essa perda de líquidos pode causar quedas de pressão, confusão mental, desmaios e até eventos fatais”.

Em ambientes hospitalares, a furosemida é usada sob monitoramento rigoroso, justamente porque sua ação é rápida e intensa. Quando tomada sem acompanhamento profissional, o organismo perde líquidos e eletrólitos de forma abrupta, comprometendo o funcionamento de músculos, coração e cérebro.

A falsa promessa do emagrecimento

Nas redes sociais, o termo ‘secar’ se tornou sinônimo de eliminar líquidos corporais, muitas vezes com ajuda de diuréticos. No entanto, segundo o professor, esse tipo de perda não tem relação com emagrecimento real.
“O termo emagrecer significa perder gordura corporal, e não água. A furosemida pode causar uma perda momentânea de peso por eliminação de líquidos, mas isso é extremamente arriscado e enganoso”, afirma Bomfim. “O corpo precisa de um percentual mínimo de hidratação para que as reações químicas e fisiológicas ocorram adequadamente. Portanto, não há como ‘secar’ de forma saudável usando furosemida”.

Além disso, a desidratação, provocada pelo uso inadequado, pode levar a uma reação em cadeia: o organismo, ao perceber a perda excessiva de água, tende a reter ainda mais líquidos quando o consumo do medicamento é interrompido, um efeito rebote que frustra quem busca resultados rápidos.

Quando a furosemida é realmente indicada

Embora perigosa quando usada de forma indevida, a furosemida é um medicamento de grande importância terapêutica quando administrada corretamente.
Segundo o professor Bomfim, ela tem indicação direta para o tratamento de edemas (acúmulo de líquidos) causados por insuficiência cardíaca congestiva (ICC), cirrose hepática, insuficiência renal crônica e hipertensão arterial, geralmente em combinação com outros medicamentos.

“Em ambiente hospitalar, também é utilizada em casos emergenciais, como na redução de edema cerebral ou em diurese forçada para eliminar substâncias tóxicas em envenenamentos”, explica o farmacêutico. “Esses usos demonstram o quanto o medicamento é potente e, por isso mesmo, pode ser fatal se administrado sem acompanhamento profissional”. 

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Em tratamentos clínicos, o uso da furosemida requer monitoramento constante de parâmetros como função renal, níveis de potássio e sódio, pressão arterial e peso corporal. Esses dados ajudam o farmacêutico e o médico a ajustar a dose e evitar complicações graves.

O papel do farmacêutico clínico

O farmacêutico clínico tem um papel central na prevenção de riscos associados ao uso de diuréticos. É ele quem orienta pacientes sobre a necessidade de prescrição médica, monitora possíveis interações medicamentosas e alerta para sinais de alerta, como tontura, fraqueza, palpitações e sede intensa.
“O uso de furosemida, mesmo em pequenas doses, precisa de acompanhamento. O paciente pode não perceber que está desidratando, e quando os sintomas aparecem, pode já ser tarde”, reforça o professor do ICTQ.

A atuação do farmacêutico também inclui educação em saúde: conscientizar a população sobre o perigo de automedicação e sobre a diferença entre retenção de líquidos leve, que pode ser manejada com ajustes de hábitos, e edemas patológicos, que exigem tratamento médico.

Para quem sofre com retenção leve de líquidos e pensa em recorrer a um diurético, Bomfim é categórico: “Beber água é a melhor forma de promover diurese”.
A recomendação pode parecer contraditória, mas é fisiologicamente correta, pois o corpo tende a reter menos água quando está devidamente hidratado. Além disso, o farmacêutico sugere medidas simples e seguras, como redução do consumo de sal, prática regular de exercícios e acompanhamento nutricional.

“O sedentarismo e a alimentação inadequada são causas muito mais comuns de inchaço do que se imagina. A busca por soluções rápidas com medicamentos só agrava o problema”, explica. Ele também cita alguns compostos naturais com efeito diurético leve e relativamente seguro, como hibisco, cavalinha, alcachofra e dente-de-leão, que, embora auxiliem na eliminação de líquidos, devem ser usados com cautela e sob orientação de um profissional de saúde.

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Risco de banalização e responsabilidade compartilhada

A facilidade de acesso a medicamentos e a disseminação de informações incorretas nas redes sociais contribuem para a banalização do uso de diuréticos. “Há uma falsa sensação de que medicamentos de uso comum são inofensivos. Mas a furosemida, por exemplo, pode causar desequilíbrios graves em poucas horas”, alerta o professor do ICTQ.

Ele ressalta que a responsabilidade é compartilhada entre profissionais de saúde, comunicadores e autoridades sanitárias. “Precisamos reforçar continuamente que o uso racional de medicamentos é um pilar da segurança do paciente. E o farmacêutico tem papel fundamental nessa orientação”.

A furosemida é uma ferramenta poderosa nas mãos certas e um risco considerável quando usada sem controle. O alerta dos especialistas é claro: nenhum medicamento deve ser tomado sem prescrição e acompanhamento farmacêutico, por mais inofensivo que pareça.

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