Descarte irregular de canetas emagrecedoras cresce e ameaça garis em todo o Brasil

Descarte irregular de canetas emagrecedoras cresce e ameaça garis em todo o Brasil

Com a popularização das canetas emagrecedoras, como Ozempic e Mounjaro, um problema que surgiu foi o aumento do descarte irregular das agulhas, que estão indo parar no lixo comum. Só no Distrito Federal, de janeiro do ano passado pra cá, mais de uma tonelada de canetas foram parar no meio do lixo reciclável. Neste ano, somente até setembro deste ano, meia tonelada foi descartada de forma errada - o equivalente a 36 mil unidades de medicamentos aplicados com agulhas. Em todo o ano passado, foram outros 781 quilos coletados pelo sistema. A diretora técnica do Serviço de Limpeza Urbana do DF, Andréa Almeida, dá uma dimensão do que é esta quantia.

"Quando a gente pensa 1.3 toneladas de 2024 até 2025, pode parecer pouco, mas não é, sabe por quê? Uma canetinha dessa com uma agulha, quando ela está vazia, ela não chega a pesar nem 30 gramas algumas. Essa é a média de peso, né? Tem umas um pouco mais pesadas, tem umas que são um pouco mais leves, mas a média de peso delas é 30 gramas. Então, você imagina 30 gramas para poder virar mais de uma tonelada. É muita caneta".

Além do impacto ao meio ambiente, tem também aquele causado à saúde. No Distrito Federal, de janeiro a agosto deste ano, 98 garis se feriram durante o trabalho, devido ao descarte incorreto. Uma foi a Geane Francisca Lima, de 42 anos, que agora precisa ficar um mês em tratamento.

"Me levou ao desespero total. Furei minha mão com uma seringa, que devido a isso fui parar no hospital. Passei o dia inteiro fazendo exames, tomando coquetel e ainda tenho mais 30 dias pela frente para ver se não teve alguma consequência disso".

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Os casos se repetem pelo Brasil. Na cidade de São Paulo, 137 acidentes envolvendo trabalhadores da coleta com materiais perfurocortantes, incluindo agulhas, foram registrados este ano. Em Belo Horizonte, 58. Rio de Janeiro 28. Esses estados não têm um recorte especifico sobre as canetas. O membro da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Wemersson Daniel, afirma que é perceptível o aumento exponencial de um ano pra cá da chegada de agulhas aos galpões. Ele fala dos riscos de ferimentos e contaminação, e explica que os impactos não são apenas à saúde física.

"Ele afeta, olha, tanto a parte, principalmente, falar a parte emocional e física, que o tratamento é muito pesado, o tratamento com coquetel, ele é muito pesado. As meninas, eu falo meninas, as catadoras, que passam por um tratamento assim, muitas ficam sem trabalhar algumas semanas. No primeiro mês do tratamento, quase é o mês todo sem trabalhar. Então, elas deixam de receber, porque elas ganham pelo dia trabalhado".

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A integrante do departamento de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Rosane Kupfer, chama atenção pra necessidade do descarte correto, e exlica como deve ser feito.

"O descarte correto dessas canetas, atualmente, de uma forma geral, pode ser feito nas clínicas da família, UBSs, porque eles estão preparados para receber. Mas, nesse caso, é um material que vai ser destruído, ou seja, não irá para reciclagem. Mesmo assim, vale salientar que se deve retirar a agulha e acondicionar essas agulhas dentro de uma garrafa PET dura ou mesmo uma lata vedada para que seja entregue em segurança na UBS e esses profissionais de lá possam manipular sem problemas".

Aí vem o desafio. Uma ouvinte da CBN relatou que demorou conseguir fazer o descarte correto na capital.

"Perguntei para o farmacêutico que estava de plantão se eu poderia descartar as seringas, as canetas do remédio no mesmo box que eu descarto os comprimidos, por exemplo, que estão fora da validade. Ele me olhou com uma estranha e falou: "você não pode descartar isso aqui isso aí tem agulha isso aí você só pode fazer em descarte hospitalar dentro de um box amarelinho".

A reportagem ligou para farmácias, Unidades Básicas de Saúde e hospitais públicos de Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Brasília. As respostas demonstraram a dificuldade que uma pessoa pode ter ao querer fazer o descarte:

- Aí vocês têm ponto de descarte de Monjaro? Não, a gente não tem. É só em hospital ou corpo de saúde, tá?

- Aí dá pra descartar, ozempic? Moça, não faço ideia.

- Tem ponto aí pra descarte? Não, amor, não temos.

A Anvisa, apesar de ter normativa que classifica as canetas como resíduos perfurocortantes, que exigem destinação especial, não tem uma norma nova obrigando estabelecimentos a terem os pontos de coleta. Uma alternativa, pra quem não quer perder viagem, é a iniciativa do Programa Descarte Consciente. No site, dá pra ter acesso aos pontos mais próximos de recolhimento, num raio de 10 quilômetros.

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