A farmacêutica norte-americana Eli Lilly anunciou nesta quinta-feira que iniciará os testes clínicos de fase avançada de seu medicamento experimental no próximo mês, após ele ter ajudado pacientes a perderem até 20,1% do peso corporal em um estudo intermediário. O resultado fortalece a posição da empresa em um mercado de tratamentos contra obesidade que cresce rapidamente.
A primeira geração de medicamentos para obesidade, que atualmente domina o mercado, tem como alvo principal o hormônio intestinal GLP-1. Agora, os laboratórios buscam novas abordagens, como atuar em outros hormônios ou preservar a massa muscular durante o emagrecimento com tratamentos de nova geração.
O medicamento experimental da Lilly, chamado eloralintida, é administrado uma vez por semana e pertence à classe de fármacos que imitam o hormônio pancreático amylina, responsável por desacelerar a digestão e reduzir o apetite.
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Diferente do Zepbound da própria Lilly e do Wegovy da Novo Nordisk — ambos baseados em GLP-1 — o eloralintida ativa receptores de amylina no cérebro e retarda o esvaziamento gástrico, com potencial para causar menos efeitos colaterais. Essa classe de medicamentos tem atraído o interesse de grandes farmacêuticas como Roche, AbbVie e AstraZeneca.
Lilly assume o “volante” no mercado de amylina
No estudo de fase intermediária, pacientes que receberam a menor dose (1 mg) de eloralintida perderam 9,5% do peso corporal, equivalente a 10,2 kg, enquanto aqueles na dose mais alta (9 mg) perderam 20,1% ou 21,3 kg. Em comparação, o grupo placebo perdeu apenas 0,2 kg após 48 semanas.
A analista Lucy Codrington, da Jefferies, afirmou que os dados representam a evidência mais forte até agora de que medicamentos à base de amylina podem oferecer perda de peso semelhante ou superior aos GLP-1. Já Kevin Gade, diretor de operações da gestora Bahl and Gaynor, acionista da Lilly, disse que a empresa está no “comando” dessa nova classe de tratamentos.
Analistas destacaram que os resultados da Lilly estabelecem um novo padrão para outros medicamentos à base de amylina em desenvolvimento.
As ações da Zealand Pharma, parceira da Roche, caíram 11%, caminhando para seu pior desempenho desde abril, após os dados da Lilly. O CEO da Zealand, Adam Steensberg, afirmou à Reuters que os resultados da Lilly reforçam o potencial dos medicamentos com base em amylina para o tratamento da obesidade.
“Isso apoia e valida nossa convicção, na Zealand Pharma, sobre o potencial do petrelintida”, disse Steensberg.
A Lilly pretende iniciar os testes finais já no próximo mês, ultrapassando o cronograma da Zealand, cujo medicamento petrelintida deve apresentar dados de fase intermediária apenas no primeiro semestre do próximo ano.
Codrington comentou que o petrelintida ainda pode apresentar uma perda de peso entre 15% e 20%, mas que é difícil comparar os medicamentos sem os dados clínicos da Zealand.
O estudo da Lilly envolveu 263 adultos com sobrepeso, todos com pelo menos uma condição associada à obesidade e sem diagnóstico de diabetes tipo 2.
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