Fatos da Indústria Farmacêutica nos últimos três meses

Muitos milhões de dólares e muitas fusões, aquisições e inovações movimentaram o setor industrial farmacêutico no período de junho a agosto de 2018. A equipe de jornalismo do ICTQ apurou alguns dos mais importantes acontecimentos junto às indústrias e os destacou aqui. Vale lembrar que alguns fatos também foram destaque em importantes mídias nacionais e internacionais. Acompanhe as principais notícias da indústria farmacêutica no Brasil e no mundo:

1. Novo Nordisk compra Ziylo e acelera desenvolvimento de insulinas

A Novo Nordisk anunciou, no início de agosto, a aquisição de todas as ações da Ziylo, uma empresa da University of Bristol baseada na incubadora científica Unit DX, em Bristol, Reino Unido. A Ziylo tem sido pioneira no uso de sua tecnologia com moléculas sintéticas de ligação a glicose para aplicações terapêuticas e de diagnóstico.

De acordo com o Worldpharmanews, a aquisição dá à Novo Nordisk direitos totais sobre a plataforma de molécula de ligação de glicose da Ziylo para desenvolver insulinas que respondem à glicose. Essa é uma área estratégica fundamental para a Novo Nordisk em seu esforço para desenvolver sua próxima geração de insulina, o que a levaria a uma insulinoterapia mais segura e eficaz.

A substância ajudaria a eliminar o problema da hipoglicemia, que é o principal risco associado à terapia com insulina e uma das principais barreiras para alcançar o controle ideal da glicose. Assim, uma insulina responsiva à glicose também poderia levar a um melhor controle metabólico e, assim, reduzir a carga de diabetes para as pessoas que vivem com a doença.

Antes do fechamento da aquisição, algumas atividades de pesquisa foram retiradas da Ziylo para uma nova empresa, a Carbometrics, que entrou em colaboração de pesquisa com a Novo Nordisk para auxiliar na otimização contínua de moléculas de ligação à glicose para uso em insulinas.

2. Takeda recebe aprovação para aquisição da Shire

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da biofarmacêutica irlandesa Shire pela farmacêutica japonesa Takeda. A decisão foi tomada em de agosto de 2018 pela autoridade antitruste.

O acordo, anunciado no início de junho, é avaliado em US$ 62 bilhões (US$ 79,7 bilhões, incluindo dívidas). O negócio é uma tentativa da Takeda de ampliar seu portfólio de medicamentos e recuperar seus ganhos. O acordo deve criar uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo, com uma receita combinada de US$ 30 bilhões.

Os lucros da farmacêutica japonesa diminuíram quase pela metade durante o primeiro trimestre deste ano, devido à queda brusca nas vendas de seu conhecido remédio contra o câncer, o Velcade, que perdeu a proteção de sua patente nos Estados Unidos. A empresa busca se expandir no mercado americano e sua intenção é absorver os medicamentos para tratar doenças raras da Shire, além de vacinas e medicamentos que estão para ser aprovados.

Em seu parecer, a Superintendência-Geral do Cade afirmou que a operação no Brasil não resultará em sobreposições horizontais entre os produtos da Takeda e Shire que existem no mercado e aqueles que estão em estágio avançado de pesquisa. O negócio também não causa integração vertical no País.

3. Abbott lança no Brasil família de sistemas de diagnóstico

A Abbott anuncia o lançamento de Alinity no Brasil, a família de sistemas integrados de diagnósticos clínicos. Com os diagnósticos influenciando cerca de 70% das decisões clínicas críticas, o Alinity muda o paradigma de diagnóstico laboratorial. O conjunto de sistemas de última geração inclui imunoensaios, química clínica, point-of-care, hematologia, triagem de sangue e plasma e diagnósticos moleculares.

Alinity é projetado com recursos inteligentes para aumentar a velocidade, o volume e a eficiência dos testes em um formato mais flexível, versátil e adaptável. O design compacto pode proporcionar uma redução significativa – de quase 50% em alguns casos – na área ocupada pelos equipamentos no laboratório.

Nos testes de hematologia, o Alinity h3-series é até 40% mais rápido por metro quadrado do que qualquer outro sistema integrado de hematologia disponível atualmente. Com frascos de reagentes com trava de segurança, o produto assegura que eles só podem ser encaixados em determinadas posições, ajudando a evitar erros nos resultados.

"Alinity é um importante passo adiante em inovação laboratorial”, afirma o gerente Geral da Divisão de Diagnósticos da Abbott no Brasil, Vitor Muniz. "Essa nova família de sistemas usa projeto orientado para o cliente para ajudar os laboratórios a serem mais eficientes e fornecer resultados precisos, enquanto auxilia hospitais na busca por um melhor atendimento ao paciente".

4. Mylan negocia direitos do Zoteon, da Novartis

A Mylan N.V., por meio da subsidiária BGP Products Operations GmbH, uma empresa constituída sob leis suíças, pretende adquirir da Novartis Pharma AG e a Novartis Vaccines and Diagnostics os direitos de comercialização e propriedade intelectual dos medicamentos TOBI e TOBI Podhaler (este último comercializado no Brasil sob a marca Zoteon).

Os produtos do acordo são medicamentos à base de tobramicina, princípio ativo indicado para o tratamento de infecção bacteriana pulmonar contínua em pacientes com fibrose cística.

A Novartis é a holding controladora do grupo multinacional de empresas farmacêuticas que atuam em três grandes áreas: produtos farmacêuticos/medicamentos inovadores; cuidados com os olhos; e medicamentos genéricos/biossimilares. A Mylan é uma companhia farmacêutica global, presente em 165 países.

5. Amyris pretende construir duas fábricas no brasil

A empresa americana de biotecnologia Amyris, que produz esqualano a partir da cana-de-açúcar, declarou, em julho de 2018, que investirá US$ 110 milhões (quase R$ 450 milhões) até 2020 para erguer duas fábricas no Brasil e ampliar a oferta da matéria-prima usada em cosméticos.

A título de curiosidade, o esqualano é uma substância produzida pelo corpo humano que mantém a elasticidade, brilho e hidratação da pele, mas diminui com o passar dos anos. Na natureza, também é encontrado no fígado de tubarão, na azeitona e na palma.

O presidente da Amyris, John Melo, conheceu o esqualano em viagem à Ásia. “Percebi que muitos cosméticos no Japão e na Coreia do Sul têm essa molécula na composição. Depois, iniciamos pesquisas para criar uma variação sustentável, que foi patenteada. No primeiro ano da Biossance (marca própria da companhia), a receita em vendas ao consumidor foi de US$ 600 mil, sendo em 2017 atingiu US$ 5 milhões e a meta para este ano é quadruplicar o valor”.

Há seis anos, a multinacional produz o esqualano a partir do farneseno, uma molécula de hidrocarboneto extraída da cana que pode ser transformada em vários produtos, inclusive lubrificante de automóvel.

A primeira unidade da empresa no Brasil, em Campinas (SP), fabrica 15 milhões de toneladas da matéria-prima por ano. A segunda, que será em Brotas (SP), em parceria com a Raízen, receberá US$ 70 milhões (R$ 286 milhões), com previsão de ficar pronta em 2019.

Até 2020, será finalizada a terceira fábrica em Sertãozinho (SP), com US$ 75 milhões (R$ 306 milhões). Segundo Melo, as duas unidades novas terão capacidade para produzir nove milhões de toneladas por ano. “Os recursos para construir as plantas serão provenientes de empréstimos contratados principalmente no exterior e dos parceiros”, afirmou.

6. Johnson & Johnson compra americana zarbee's

A Johnson & Johnson (J&J) finalizou a compra, em julho de 2018, da fabricante de xaropes e vitaminas americana Zarbee's Naturals. A empresa, que é líder em produtos para saúde feitos com matérias-primas naturais, foi fundada em 2008 pelo médico pediatra Zak Zarbock, que criou itens alternativos aos medicamentos tradicionais de venda livre. O primeiro produto foi um xarope para tosse infantil à base de mel feito com vitamina C e zinco, sem adição de álcool, drogas e sabores artificiais.

Na última década, o Zarbee's Naturals tornou-se uma marca de saúde e bem-estar de base ampla, atuando também em categorias como sono, suporte imunológico e vitaminas.

A estratégia da J&J é ampliar o portfólio na área de saúde, que possui itens como Tylenol, Mylanta Plus e Resprin, e atender às mudanças no perfil do consumidor. Os últimos detalhes da compra da companhia serão concluídos durante o terceiro trimestre deste ano, afirmou a empresa ao Valor Econômico.

7. Lucro da Hypera cresce 50%

Resistindo bravamente à desvalorização do real e à greve dos caminhoneiros, a Hypera anunciou, no final de julho, que teve alta de 50,7% no lucro líquido no segundo trimestre de 2018, em comparação ao mesmo período do ano passado.

O lucro de suas operações continuadas somou R$ 278,8 milhões no período, com alta de 22,3% frente ao ano anterior. Já o lucro líquido cresceu 50,7%, para R$ 277,8 milhões.

O resultado operacional da Hypera medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) das operações continuadas, somou R$ 339,5 milhões, com avanço de 12,1%.

Na onda das boas notícias, a Hypera confirmou que deve iniciar até o final do ano operação em uma fábrica piloto em seu complexo industrial em Anápolis (GO). A unidade piloto permitirá à empresa agilizar seus processos de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.

Segundo declaração à Exame do presidente-executivo da companhia brasileira, Breno Oliveira, “a planta piloto vai nos dar o benefício de não dependermos tanto da fábrica para fazermos lotes piloto”.

Sobre aumento de capacidade produtiva, Oliveira avaliou que a Hypera não tem necessidade no curto prazo de fazer investimentos relevantes em ampliação, diante de ações que melhoraram a produtividade das atuais instalações da companhia, no entanto, esse investimento deverá acontecer no futuro.

A companhia espera atingir, em 2018, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 1,35 bilhão. No primeiro semestre, a cifra foi de R$ 702 milhões, cerca de 52% da estimativa.

8. União Química compra fábrica da Elanco

A União Química finalizou um acordo, em junho de 2018, para a compra de uma fábrica de biotecnologia da Elanco (divisão de saúde animal da americana Eli Lilly, nos Estados Unidos).  Esse é o primeiro negócio internacional da farmacêutica brasileira. Ela atua em saúde animal por meio da divisão Agener, que representa cerca de 20% dos negócios da União Química.

A farmacêutica, no ano passado, teve receita líquida consolidada de R$ 1,12 bilhão e usará recursos próprios na aquisição. Nos últimos oito anos, as receitas do grupo cresceram 20% ao ano e possibilitaram uma série de aquisições, que foram financiadas com caixa próprio e algumas operações de mercado.

No entanto, a compra também deve repercutir nos negócios de saúde humana da União Química (que segue como principal negócio do grupo). A empresa atua nas linhas de oftalmologia, sistema nervoso central e dor, medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e genéricos, além de medicamentos de prescrição e hospitalar.

Inicialmente, a União Química pretendia, conforme declarou ao Valor Online, comprar os equipamentos do complexo fabril da Elanco e trazê-los para o Brasil. Após visita à unidade, que está instalada em uma área de 111 mil metros quadrados, o laboratório brasileiro decidiu estender sua oferta a ativo fixo e produtos.

Para a transação, a farmacêutica brasileira constituiu uma nova empresa nos Estados Unidos, a Union Agener. A conclusão do negócio está sujeita às aprovações de órgãos reguladores.

9. Novamed compra a Multilab

A Novamed assumiu oficialmente, no início de julho, a totalidade dos negócios do laboratório Multilab, em São Jerônimo (RS). O novo controle acionário foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), em junho.

A Novamed pertence ao Grupo NC, que também é detentor da EMS. Com a decisão do órgão, o Grupo NC passa a ser o responsável pela unidade fabril e incorpora todo o portfólio de produtos da Multilab.

A fábrica do Sul está apta a produzir medicamentos sólidos, semissólidos e líquidos. Como parte da estratégia de crescimento e consolidação da liderança no setor farmacêutico, o Grupo NC irá mais do que dobrar a produção da planta adquirida, que é de quatro milhões de unidades (caixas de medicamentos) por mês, devendo chegar, em um ano, a dez milhões de unidades mensais - 120 milhões de unidades anuais.

A Multilab teve faturamento de R$ 745 milhões em 2017 e é a 10ª maior empresa farmacêutica do Brasil no mercado de produtos similares de marca e 37ª no mercado total. Seu portfólio mantém produtos de marca (OTC e tarjados), como Multigrip (antigripal), Buprovil (anti-inflamatório) e Lozeprel (analgésico).

10. Laboratório Exeltis investe no Brasil

Empresa do grupo espanhol Insud Pharma, presente em 40 países, o laboratório Exeltis aumentou investimentos em produtos, aquisições e instalações. A empresa adquiriu o medicamento Gynotran, da Bayer, que registrou vendas de R$ 17 milhões em 2017.

Para se tornar líder em saúde feminina e pediatria no Brasil, a Exeltis importa alguns medicamentos e suplementos alimentares de suas plantas da Espanha e também desenvolve produtos por meio de parceiros locais.

Com crescimento de faturamento no Brasil de 26% em 2017 (sobre ano anterior), a empresa planeja crescer mais 80% até o final de 2018. Para isso, está trabalhando no lançamento de três novos produtos na área de saúde feminina e um na área de pediatria.

Atualmente, a empresa tem como carro-chefe a marca Regenesis, que após dois anos de lançamento caminha para a liderança de sua categoria de suplementação para gestantes, com o maior índice de crescimento em 2017 – 136% de evolução em valores (fonte IQVIA DDD MAT jan/18).

11. Daiichi-sankyo aposta no Brasil para crescimento

A detentora do famoso Hirudoid, a Daiichi-Sankyo, maior farmacêutica do Japão, declarou, em junho de 2018, que está usando sua fábrica do Brasil como foco para a América Latina. O laboratório japonês está adaptando suas unidades para a fabricação de produtos oncológicos, que serão somados ao portfólio local, que conta com 12 medicamentos, principalmente, na linha de cardiologia.

Até 2025, a ambição da Daiichi-Sankyo é ser reconhecida como farmacêutica global inovadora e de referência no tratamento do câncer, conforme apurou o jornal Valor. Assim, a operação brasileira contará com uma nova unidade de negócios, de oncologia, entre 2019 e 2020.

A partir de 2022, essa deve ser a principal área de negócios também no Brasil. A introdução do portfólio de oncologia no mercado brasileiro vai estimular novas contratações. Atualmente, a operação local da Daiichi-Sankyo emprega 400 pessoas, frente a 364 no ano passado. A previsão é de expansão de 10% nos próximos dois anos.

No ano fiscal de 2017, encerrado em 31 de março, a receita global do laboratório totalizou cerca de US$ 10 bilhões (quase R$ 41 bilhões), dos quais R$ 332 milhões no Brasil.

O País representa apenas 3% da receita global da farmacêutica japonesa, que nasceu em 2005 da fusão entre a Sankyo Co. e a Daiichi Pharmaceutical, mas é estratégico por garantir acesso ao mercado latino-americano e por causa da relevância do mercado doméstico de medicamentos.

12. EMS e Bosch firmam parceria para a primeira indústria 4.0

A EMS se une à Bosch, em junho de 2018, para alavancar a Indústria 4.0 em suas unidades fabris no País. A implementação de máquinas conectadas pretende tornar a produção do laboratório mais inteligente e eficiente, trazendo um crescimento significativo na capacidade produtiva da empresa nos próximos três a cinco anos.

A EMS é o primeiro laboratório do setor farmacêutico na América Latina a adotar soluções da indústria 4.0. A implementação ocorrerá, inicialmente, por meio de um projeto piloto em uma linha de embalagem de medicamentos e no processo de gerenciamento da manutenção.

A expansão dessa tecnologia para outras linhas e equipamentos, bem como para o restante da cadeia produtiva - desde a entrada da matéria-prima até a saída do produto final - deve ser o próximo passo da parceria. A Bosch, uma líder mundial em soluções 4.0 para a indústria farmacêutica e referência do modelo na Europa, desenvolveu um software específico para a indústria farmacêutica, chamado Pharma i 4.0 Solution Platform, um Manufacturing Execution System (MES).

O programa será instalado nas máquinas que a EMS já possui em sua planta em Hortolândia, transformando-as em equipamentos mais conectados, seguindo o conceito de fábricas inteligentes.

13. Aché vence prêmio internacional de propriedade intelectual

O Aché Laboratórios, empresa 100% brasileira, conquistou o 1º lugar na categoria Best Latin America IP Departament, da premiação International Legal Alliance Summit Awards, que aconteceu em junho deste ano, nos Estados Unidos. O evento, promovido pela Leaders League, reconhece, anualmente, os melhores Departamentos de Propriedade Intelectual das empresas no mercado em que elas atuam, considerando a excelência alcançada nos resultados anuais e seu desempenho diferenciado em gerenciamento e liderança.

O Aché foi premiado devido ao seu time especializado que elaborou e implementou procedimentos que permitem maior controle interno das atividades na área de Propriedade Intelectual, bem como a captura ágil e assertiva de regulamentações externas. Outro destaque foi a implantação de governança corporativa e compliance em todos os projetos da companhia, reduzindo riscos e antecipando situações críticas que envolvam a área e o desenvolvimento de softwares exclusivos de gerenciamento e gestão para a área de patentes.

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