Raia Drogasil compra Onofre. CVS dá adeus ao Brasil

Agora é fato: em 26 de fevereiro a Onofre anunciou, por meio de nota assinada por sua presidente, Elizangela Kioko, que a Raia Drogasil (RD) adquiriu 100% do seu capital junto à CVS. O valor da transação não foi divulgado, mas os rumores de mercado são que o montante pode ter ficado abaixo do que a gigante americana pagou pela Onofre, em 2013, que seria pouco mais de R$ 700 milhões.

A RD tem, atualmente, 1849 farmácias, distribuídas em 22 Estados. Parece que o momento é mesmo de expansão, já que, apenas em 2018, foram inauguradas 240 unidades. A rede apresenta uma receita bruta de R$ 15,5 bilhões e um EBITDA de R$ 1,2 bilhão. A oficialização desse contrato está aguardando a posição do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), quando a Onofre e a RD iniciarão o processo de integração das operações.

Assim, parece que o sonho de dominar o varejo brasileiro acabou...Quando a CVS entrou no País, por meio da compra da rede Onofre, o objetivo era implementar por aqui o sistema de drugstore que a gigante já ostentava, com sucesso absoluto, nos Estados Unidos. Entretanto, o choque de realidade abalou as estruturas dessa fusão, no momento em que a CVS deparou a rigidez da legislação nacional e da agência reguladora.

Somado a isso, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a CVS entrou numa batalha com a família Arede, que era a dona da marca Onofre. O motivo teria sido a acusação da gigante americana de que os fundadores da Onofre teriam omitido passivos trabalhistas e fiscais não listados à época das negociações. Isso estaria ocorrendo desde 2016.

A CVS faturou US$ 194,8 bilhões (cerca de R$ 732,36 bilhões) nos Estados Unidos (2017), com mais de 10 mil unidades. No Brasil, a rede não revela a sua receita, mas, segundo o ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) - que leva em conta dados de mercado - as vendas da varejista devem ter somado R$ 700 milhões no ano passado, com pouco mais de 50 farmácias no Brasil.

Para o gestor farmacêutico da Panvel, Jauri Francisco de Siqueira Júnior, é notório analisar o movimento de mercado que eles realizaram no Brasil ao assumir a Onofre. “A CVS, em vez de aumentar o número de unidades, ela recuou no começo, como, por exemplo, fechando a unidade de Porto Alegre. Em um primeiro momento, o mercado pensou que eles iriam estagnar, devido a esse recuo, porém, retomaram o crescimento. A agressividade da líder norte-americana no ramo de farmácias não conseguiu ser vista aqui no Brasil. Eles começaram um movimento tímido no ano passado, mas muito aquém das líderes, inclusive perderam posição e sumiram do ranking das 20 principais redes”, menciona.

Barreiras legais inesperadas

Siqueira Júnior avalia a situação com os olhos de quem atua em uma importante rede nacional e sabe das dificuldades em se operar no segmento farmacêutico no Brasil. Ele estranha essa reorientação do grupo, dizendo que, certamente, a CVS deve ter estudado o mercado no Brasil para decidir entrar nesse jogo com a força de capital que apresentou. “Eles esbarraram em questões, como a legislação sanitária, e, possivelmente, não conseguiram traduzir aqui o que já é feito fora. O Brasil é muito peculiar devido às legislações e as regulamentações da Anvisa. Se fosse só traduzir e aplicar modelos, muita gente já teria feito, inclusive as líderes do mercado varejista”, pondera.

O segundo ponto que Siqueira Júnior avalia é que a CVS perdeu o timing de tradução e aplicação, e levou muito tempo para reestruturar pessoas no compliance: “Com isso, as coisas demoraram a começar a acontecer, por exemplo, a própria questão da reestruturação das unidades, das pessoas serem trocadas, dos talentos captados... esse movimento foi muito longo”.

O terceiro ponto que o gestor destaca é que existia uma expectativa muito grande no mercado com relação a essa entrada da CVS no Brasil, e a rede até entregou alguns resultados, como o investimento em inovação em alguns pontos de venda, especialmente em sua flagship, em São Paulo (SP).

“A unidade é interessante pela proposta da evolução e investimento em tecnologia, mas que não foi estendida para outras filiais da Onofre por fala de resultado. Houve, ainda, a questão do investimento nas vendas por meio do e-commerce, mas, provavelmente, muito aquém do esperado, pois já existem grandes redes de marca de venda em e-commerce, como a Ultrafarma, por exemplo”, compara ele, que acredita na possibilidade de quem assumir a operação deva resgatar e alavancar a proposta de negócio.

Importante contribuição tecnológica

Apesar desses percalços da CVS no Brasil, é fato que a Onofre deu uma grande contribuição ao segmento do varejo farmacêutico na medida em que investiu e implementou a atuação clínica em suas unidades e apostou fortemente na tecnologia.

Embora a Onofre não queira falar sobre o assunto da operação no Brasil, um de seus executivos falou sobre a questão da tecnologia, com exclusividade, para o ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, no final de 2018.

De acordo com entrevista concedida pelo diretor de T.I da rede em 2018, Joaquim Garcia, a Onofre CVS Pharmacy tem o perfil de inovação e saiu na frente do setor, quando estreou, em 1980, o primeiro drive-thru para farmácias. Já em 2000, foi pioneira com sua plataforma de e-commerce: “Continuamos reinventando a farmácia, investindo algo próximo à abertura de 50 novas lojas em projetos da nova plataforma de e-commerce e do Fullfilment Center. Outra aposta inovadora foi a de integração de ações entre o e-commerce e as lojas. As vendas online já representam cerca de 50% do nosso faturamento”.

Ele comenta sobre a inauguração da flagship, que foi apenas um dos pontos- chave dessa transformação. Antes disso, a rede já estava focada no digital, dedicada ao crescimento de vendas online e criando estratégias de como integrar seus três canais de venda – lojas físicas, e-commerce e televendas.

O executivo cita algumas das tecnologias inseridas na flagship:

- Selfcheckout - apesar de já ter sido criado há muito tempo, é pouco utilizado. Na Onofre, o sistema já responde por mais de 60% das vendas daquela unidade, junto com o PDV Móvel;

- PDV Móvel - muito bem utilizado no exterior e, agora, possível em São Paulo (SP) pelo benefício da implementação do SAT, que dispensa o uso de impressoras fiscais;

- Robô de Armazenamento e Dispensação - que efetivamente libera o farmacêutico para dar atenção exclusivamente ao consumidor e que trouxe uma redução 75% no tempo de atendimento; e

- Displays interativos - que proporcionam maior conhecimento de produtos e do mix da farmácia.

“Todas essas tecnologias têm como principal objetivo poupar o tempo dos colaboradores para que eles dediquem toda a atenção no atendimento ao cliente e, claro, proporcionar ao cliente melhor administração do seu tempo em sua jornada na loja”, ressalta Garcia.

É fato que a inovação tecnológica está, cada vez mais, inserida nos negócios e exige um diferencial dos profissionais do setor. “Hoje, a Onofre já utiliza algumas tecnologias, como design thinking, que foi usada na conceituação do Onofre Omnichannel; o cloud computing, que comporta a tecnologia de nosso website; a IoT (internet das coisas), que está fortemente presente no processo de tracking de entrega para nossos clientes; business intelligence, para análise de dados e transações de compra de nossos clientes; e IA (inteligência artificial), em usos internos corporativos para análise de incidentes nos sistemas da empresa”, destaca Garcia.

Ele afirma que todas as tecnologias implementadas estão em constante avaliação e acompanhadas de perto por indicadores que demonstram sua evolução e capacidade. A eficiência que o robô, o Self Checkout e o PDV Móvel proporcionaram à loja conceito foi considerada no plano de negócios daquela unidade. A boa performance dela influenciará no atingimento das metas da farmácia e, consequentemente, no retorno do investimento.

“Não me surpreenderia se tivermos um índice de robotização cada vez maior, e a Onofre saiu definitivamente na frente para, com essa tecnologia já implementada em nossa flagship, poder beneficiar o nosso cliente no que mais importa para ele – o tempo”, enfatiza Garcia.

Valorização dos funcionários

O diretor de Marketing da Onofre, Eduardo Mangione, comenta que trabalhar na empresa é ter a oportunidade de exercer a profissão de forma ética, responsável e aplicar os conhecimentos técnicos para ajudar as pessoas a alcançar o seu potencial máximo de saúde: “Hoje, há 241 farmacêuticos, divididos em diferentes unidades de negócio: administrativo, OEC (hubs de centros de distribuição), CD e Call Center. Quando o farmacêutico começa, ele passa por dois dias de treinamento e, no decorrer da sua trajetória, ele é capacitado em serviços farmacêuticos (injetáveis, glicemia capilar, monitoramento de pressão arterial, diabetes, vacinas em adultos e crianças, entre outros treinamentos)”.

O executivo menciona também que a Onofre investiu na capacitação dos farmacêuticos por meio do Programa de Formação e Habilitação de Farmacêuticos em Vacinação, realizado em outubro de 2018, pelo ICTQ. “Toda a formação técnica desenhada para farmacêuticos impacta positivamente suas entregas, desde que aquilo que é transmitido possa ser levado à frente pelo treinando. Os nossos profissionais estão altamente preparados para atender às demandas nas nossas unidades”, finaliza Mangione.

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