Uso de testosterona por mulheres cresce e exige orientação farmacêutica qualificada

Uso de testosterona por mulheres cresce e exige orientação farmacêutica qualificada

A procura pela reposição de testosterona entre mulheres vem aumentando, impulsionada por pressão estética, busca por vitalidade e pelo volume de conteúdos sobre hormônios nas redes sociais. Embora não haja dados oficiais que quantifiquem essa tendência (inclusive porque não existem formulações aprovadas especificamente para uso feminino), entidades da área de saúde já demonstram preocupação e reforçam que a indicação terapêutica reconhecida atualmente é restrita a mulheres com transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) na pós-menopausa.

A testosterona, porém, não é um intruso no organismo feminino. Produzida pelos ovários em níveis muito menores do que nos homens, ela contribui para massa muscular, força, energia, saúde óssea e libido. Seus níveis começam a reduzir gradualmente aos 30 anos e despencam na menopausa, impactando humor, disposição e resposta sexual. Há estudos clínicos robustos avaliando a reposição em casos selecionados: uma revisão publicada em 2019 no The Lancet Diabetes & Endocrinology, envolvendo mais de oito mil mulheres, mostrou que doses fisiológicas podem melhorar desejo, excitação, prazer e satisfação sexual sem aumento relevante de efeitos adversos graves no curto prazo.

Na prática, contudo, a reposição tem sido adotada por algumas mulheres com finalidades estéticas e de bem-estar, e esse movimento, ainda que compreensível diante das demandas contemporâneas por vitalidade e performance, exige acompanhamento rigoroso para evitar danos. É nesse ponto que o farmacêutico se torna essencial. O farmacêutico clínico esportivo e professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, PhD José Henrique Bomfim, observa que o erro mais comum começa pela ideia simplista de que a testosterona resolveria todos os desconfortos do climatério.

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“O que vem ocorrendo, e de maneira preocupante, é a ilusão de que todas as questões que envolvem libido, desejo, perda de massa muscular, aumento de percentual de gordura ou depressão teriam relação direta somente com os níveis plasmáticos de testosterona. Muitas mulheres - e homens também - se esquecem do básico: hábitos saudáveis de vida, abolir sedentarismo, valorizar alimentos não processados, priorizar sono natural. Só essas atitudes, por si, promovem melhora considerável nos níveis hormonais, mesmo no climatério”, afirma.

Ele reforça que a reposição deve ser considerada apenas quando níveis hormonais e sintomas clínicos apontam necessidade real de tratamento medicamentoso.

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Finalidade terapêutica

Na linha de frente, o farmacêutico percebe rapidamente quando o uso se descola da finalidade terapêutica. Segundo Bomfim, os sinais de alerta são visíveis: “Em mulheres, é notório o aparecimento de sintomas relacionados às reações adversas da utilização indevida de testosterona e derivados, como engrossamento da voz, envelhecimento da pele, acne, alopecia e redução do tecido mamário. Além disso, há alterações bioquímicas importantes, como aumento do hematócrito, alterações de lipoproteínas, desregulação glandular e alterações de marcadores de função hepática. O risco é inerente ao uso inadequado e sem indicação comprovada”.

Quando há uso de formulações manipuladas ou doses que não seguem parâmetros fisiológicos, os perigos aumentam. “Principalmente os riscos cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, além de alterações hepáticas, renais, infertilidade e possível surgimento de tumores”, alerta o professor.

Uso de testosterona por estética é legítimo

Essas constatações não significam demonizar a busca feminina por alternativas estéticas ou por melhora da qualidade de vida: uma busca legítima e coerente com seu tempo. O ponto central é garantir que qualquer intervenção hormonal ocorra sob supervisão qualificada, com monitorização laboratorial, ajuste individualizado e clareza sobre benefícios e limites.

Nesse cenário, o farmacêutico é um guardião técnico. Para Bomfim, a responsabilidade do profissional vai além da dispensação. “O farmacêutico deve aumentar consideravelmente seu conhecimento sobre as substâncias, indicações clínicas e riscos no abuso e uso inadequado. É fundamental orientar sobre a procura por profissionais com expertise e formação para avaliação e, se necessário, prescrição. Além disso, é preciso alertar para aspectos comportamentais e psicológicos que possam estar direcionando a busca inadequada pela transformação física por meio do uso indevido de esteroides androgênicos anabólicos”.

Diante da desinformação difundida nas redes sociais, a categoria assume um papel ainda mais estratégico: oferecer informação segura, dialogar com as dúvidas das pacientes e filtrar expectativas desalinhadas. A reposição hormonal, seja com fins terapêuticos ou estéticos, só é segura quando ocorre ancorada em ciência, monitoramento e orientação profissional, e o farmacêutico, como profissional mais acessível à população, está no centro dessa mediação.

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