Substância usada na indústria farmacêutica contamina cerveja em Minas Gerais

Substância usada na indústria farmacêutica contamina cerveja em Minas Gerais

Por meio da Resolução (RE) 103/20, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o recolhimento, em todo Brasil, de dois lotes da cerveja Belorizontina, fabricada pela Backer, de Minas Gerais, após a Polícia Civil encontrar uma substância chamada dietilenoglicol no produto, que pode ter sido responsável por causar doença nefroneural em pessoas que tomaram a bebida.

Em nota à imprensa, o órgão sanitário informou: “Os lotes são os de número L1 1348 e L2 1348. A Agência orienta que os consumidores não bebam o produto, que é suspeito de causar uma doença que tem como sintomas insuficiência renal e alterações neurológicas e levou a pelo menos uma morte”.

O posicionamento da Anvisa ocorreu após a polícia emitir o laudo da perícia que constatatou: “Informo que nas duas amostras de cerveja encaminhadas pela vigilância sanitária do município de Belo Horizonte (cerveja pilsen marca Belorizontina – lotes L1 1348 e L2 1348) foi identificada a presença da substância dietilenoglicol em exames preliminares. Ressalto que essas garrafas foram recebidas lacradas e acondicionadas em envelopes de segurança do órgão sanitário municipal”, diz o perito criminal.

Ao menos dez pessoas foram hospitalizadas e uma delas morreu após consumir a cerveja. Os casos aconteceram com moradores das redondezas do bairro de Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte (MG).

De acordo com a mestre cervejeira, Fabiana Arreguy, o dietilenoglicol é uma substância utilizada no processo de produção para agilizar o resfriamento da bebida. No entanto, ela explica que o composto não deve ter contato com o líquido (a bebida), uma vez que passa por um cano fora do tanque.

“Quando a cerveja termina o processo de feitura, que é a parte quente, ela vai para o fermentador e precisa passar por resfriamento imediato. Então, existe uma serpentina externa dos tanques, que não passa dentro. Lá, passam várias substâncias, álcool com água e o etilenoglicol, que é uma substância anticongelante", explica ela, em entrevista ao Correio Braziliense.

Esse processo de resfriamento também é o mesmo utilizado na indústria farmacêutica, em que, para fabricação de medicamentos, os produtos nunca se misturam com o dietilenoglicol.

Vale ressaltar que, para não colocar a saúde da população em risco, as boas práticas internacionais de engenharia farmacêutica indicam trocadores de calor com parede dupla. Por isso, havendo o rompimento, não há risco dos dois líquidos se misturarem, pois, há uma segunda camada de contenção. Além disso, os equipamentos trabalham com alarmes que sinalizam o problema de forma imediata.

Outro método preventivo é manter a pressão do produto maior que a do fluido, dessa forma, mesmo se a segunda parede também se romper o produto em maior quantidade que vai contaminar a substância, não o oposto.  

É importante lembrar que a legislação para a indústria farmacêutica é bastante séria e rigorosa. Apesar de não existir uma lei específica para trocadores de temperatura, a responsabilidade do fabricante com os seus produtos é, constantemente, fiscalizada.

Ainda segundo a polícia, a investigação continua: "Auditores fiscais federais agropecuários, nas especialidades farmacêutica, química e de engenharia agronômica prosseguem apurando as circunstâncias em que ocorreram a contaminação verificada pelas autoridades policiais nos lotes indicados, a fim de dar pleno esclarecimento dos fatos à população".

Na última sexta-feira (10), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou o fechamento temporário da cervejaria. De acordo com o órgão, a interrupção acontece devido ao risco iminente à saúde pública.

A imprensa nacional revela que o fato pode ser fruto de sabotagem.  

Posicionamento da Backer

Em nota, a cervejaria negou que faça uso da substância no processo de produção do produto. “Após entrevista coletiva, a Polícia Civil divulgou laudo informando que a substância dietilenoglicol foi identificada em duas amostras recolhidas da cerveja Belorizontina na casa de clientes, que vieram a desenvolver os sintomas. Vale ressaltar que essa substância não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina, fabricada pela Cervejaria Backer”.

A empresa também afirmou: “Por precaução, os lotes em questão - L1 1348 e L2 1348 - citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação”.

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