A mobilização nacional dos farmacêuticos mostrou, mais uma vez, que somente a participação ativa da categoria é capaz de conquistar avanços reais. Após meses de impasse, pressão e a instauração do estado de greve em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos farmacêuticos de farmácias e drogarias finalmente foi aprovada em São Paulo. Enquanto isso, RJ e PR seguem mobilizados e mantêm o estado de greve.
Segundo a presidente do Sinfar-SP, Renata Gonçalves, o resultado só foi possível porque a categoria se mobilizou: “Acreditamos que os avanços conquistados pelo SINFAR-SP só se deram pelo ‘estado de greve’ da categoria”.
São Paulo: Convenção Coletiva aprovada graças à mobilização
O prazo oficial para encerrar a campanha salarial era julho, mas não houve acordo porque o patronal rejeitou todas as reivindicações e apresentou reajuste abaixo do INPC.
Em 9 de outubro, a categoria rejeitou por mais de 90% a proposta de 5,18% (INPC) e uma folga trimestral restrita às farmácias com três ou mais farmacêuticos. O estado de greve foi instaurado após essa derrota massiva, pressionando o patronal.
A assembleia decisiva ocorreu em 18 de novembro. Com mais de mil inscritos e menos de 500 presentes, a votação foi apertada: 53% a favor e 47% contra.
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Principais pontos aprovados
- Reajuste salarial de 6%, retroativo a julho e pago em até duas parcelas.
- Atualização da cláusula de assentos/cadeiras, garantindo condições mínimas de trabalho.
- Pagamento integral de horas extras nos feriados:
- Natal
- Ano Novo
- Dia do Trabalho
- Folga dupla trimestral, mantida apenas para unidades com três ou mais farmacêuticos.
Renata destaca a importância do momento e reforça que a mobilização precisa continuar: “Sabemos que, com o passar do tempo, a negociação vai ficando mais difícil, mas a inclusão de cláusulas, como as dos feriados e a folga dupla, foram cruciais para que nos próximos anos consigamos melhorá-las”.
Ela também destacou a participação histórica da categoria:
“Importante frisar que toda a nossa negociação teve ótima participação da categoria com a assembleia on-line e votação em tempo real. Isso coloca o farmacêutico, de fato, como figura principal da negociação”.
A experiência paulista mostra que a força coletiva funciona, e que sem pressão, nenhum avanço teria sido alcançado.
Rio de Janeiro: estado de greve aprovado e mobilização crescente
O Sinfar-RJ confirmou que o estado de greve foi aprovado em assembleia. Entre as pautas estão:
- Descumprimento da folga quinzenal para mulheres;
- Não pagamento do adicional de insalubridade;
- Irregularidades nas horas extras, especialmente aos domingos;
- Acúmulo de função, que obriga farmacêuticos a desempenhar tarefas fora das atribuições legais.
O presidente Leonardo Légora relatou que novas ações foram lançadas para ampliar a mobilização:
- Fita preta no jaleco, em luto pelo descaso histórico do setor patronal;
- Moldura digital de apoio ao estado de greve.
Apesar de mais de mil profissionais no grupo de mobilização, apenas cerca de 30 tinham aderido à campanha visual até ontem. Légora reforçou: “Precisamos que a categoria demonstre sua força. A luta só avança com participação”.
Uma nova proposta patronal, restrita ao município do Rio, retirou cláusulas importantes e manteve apenas salário-base de R$ 4.080. O caso será encaminhado à mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Paraná: estado de greve mantido
O Sindifar-PR reforça, em nota oficial, que o estado de greve continua:
“O Estado de Greve continua!
O Sindifar-PR segue firme na mobilização dos Farmacêuticos do Comércio, reafirmando o compromisso com a valorização da categoria e a defesa de condições de trabalho justas e dignas.
Mesmo diante das dificuldades nas negociações com o Sindicato Patronal, o Sindifar-PR permanece atuante, buscando avanços concretos que reconheçam o papel essencial do Farmacêutico no cuidado à saúde e na sociedade.
A luta é coletiva e a união da categoria é fundamental para que possamos conquistar os direitos e o respeito que os profissionais merecem.”
A entidade lembra que os farmacêuticos enfrentam anos de reajustes limitados ao INPC, o que impede qualquer ganho real.
Mobilização nacional em construção
Com SP encerrando sua CCT, mas RJ e PR mantendo o estado de greve, o cenário revela uma mensagem clara: sem mobilização, não há conquista.
O movimento cresce, coordenado pela Fenafar, e pode desencadear um dos maiores ciclos de reivindicação da categoria nos últimos anos. A pauta vai muito além de salário: trata-se de respeito, dignidade e reconhecimento profissional. E, como São Paulo demonstrou, só a mobilização coletiva transforma reivindicação em conquista.
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