Cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelaram um caso que tem intrigado pesquisadores em saúde: uma mulher ficou 152 dias infectada pelo novo coronavírus (Covid-19) sem apresentar sintomas graves da doença. A informação foi publicada, nesta terça-feira (01/09), por meio do jornal O Globo.
Segundo as informações divulgadas na reportagem, os pesquisadores revelaram que o novo vírus ficou centenas de dias no organismo da mulher com capacidade de multiplicação, fato que, consequentemente, o torna contagioso. Este é o maior período já documentado de infecção pelo coronavírus.
A pessoa, que não teve sua identidade revelada, foi identificada como 'paciente número 3'. As únicas informações divulgadas sobre a mulher são que ela é profissional de saúde e mora no Estado do Rio de Janeiro. Em março de 2020, ela foi diagnosticada com a doença, apresentou sintomas leves por três semanas e não ficou internada.
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Contudo, testes posteriores revelaram que mesmo após passar os sintomas leves ela continuou com o vírus ativo no organismo. "Essa mulher viveu cinco meses com o coronavírus. O caso dela foi descoberto, porque ela é uma profissional de saúde, mais atenta para o risco de transmissão e desde cedo participou do estudo. Mas suspeitamos que a persistência não é rara. Pode haver muita gente assim, e isso ajuda a explicar por que a circulação do coronavírus continua a se manter", comentou uma das cientistas que participou do estudo, Luciana Costa, segundo O Globo.
Pode ser reinfecção?
Ainda de acordo com os pesquisadores, a possibilidade de reinfecção foi descartada, pois, a sequência genética do vírus no corpo da paciente foi a mesma em todas as amostras analisadas durante o período da infecção.
Já quanto ao fato de a mulher não ter desenvolvido sintomas graves em tanto tempo, os cientistas levantam a hipótese de que ela tenha sido protegida, diretamente, por células do sistema imunológico enquanto estava infectada.
Os testes
Durante dois meses, a profissional de saúde se submeteu a testes semanais que mostraram a presença do vírus no organismo. Depois de um período maior, ela voltou a procurar os cientistas e o coronavírus permanecia em atividade nas vias aéreas superiores.
Essa pesquisa é baseada em testes realizados com mais de 3 mil voluntários desde março de 2020. Em maioria, a análise foi feita com profissionais de saúde do Estado do Rio de Janeiro. As revelações em torno da paciente 3 são surpreendentes, pois, o período considerado padrão pelo Ministério da Saúde (MS) é de 14 dias para negativação do vírus.
Participaram também do estudo os professores do Instituto de Microbiologia, do Instituto de Biologia e da Faculdade de Medicina da UFRJ, Amilcar Tanuri e Teresinha Castineiras.
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