Bolsonaro defende uso de medicamento sem seguir a bula

Bolsonaro defende uso de medicamento sem seguir a bula

Para o presidente da República, Jair Bolsonaro, o uso off label, fora da finalidade que consta na bula, é algo “consagrado na medicina”. Entusiasta da cloroquina, nesta segunda-feira (20/7), ele defendeu utilizar medicamentos sem comprovação científica ou necessidade de seguir orientações da bula no tratamento de doenças. Um dia antes, em mais uma manifestação pela droga que acredita curar a Covid-19, ele ergueu como um troféu uma caixa de cloroquina, diante de apoiadores e foi saudado por eles.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro faz propaganda da cloroquina para tratar pacientes com a infecção causada pelo novo coronavírus – tanto casos leves quanto graves –, não se importando com o fato de não existir comprovação científica de eficácia da droga. O ex-ministro Nelson Teich, inclusive, saiu da pasta depois de menos de um mês por discordâncias com o presidente em relação ao protocolo de uso do medicamento, como destacou o Correio Brasiliense.

Mas nada tem feito Bolsonaro mudar de ideia. “É importante lembrar que o uso off label de medicamentos é consagrado na medicina, desde que haja clara concordância do paciente. E que, sem a prática do off label, diversas doenças ainda estariam sem tratamento”, escreveu o presidente no Twitter, ao compartilhar, de forma enviesada, um texto da Associação Médica Brasileira (AMB) publicado no domingo.

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Em conversa com apoiadores ontem (20/7), o presidente voltou distorcer a nota da AMB ao sugerir novamente o uso da cloroquina para o tratamento de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus. Segundo Bolsonaro, a AMB “recomendou que fosse usado esse medicamento para combater o vírus em fase inicial”, como revelou o Estadão.

O texto da AMB trata especificamente sobre a hidroxicloroquina e reforça que “não existem estudos seguros, robustos e definitivos sobre a questão, mesmo nos mais recentes, especialmente os da última semana, há várias fragilidades que impedem que sejam considerados conclusivos”, em referência ao tratamento do novo coronavírus. A entidade defendeu a autonomia do médico na prescrição de medicamentos, mas criticou o uso político da hidroxicloroquina, que, na visão da AMB, “deixará um legado sombrio para a medicina brasileira”.

“Análises criativas dos atuais estudos permitem quaisquer tipos de interpretações”, continua o texto da instituição. “E vêm sendo usados de forma irresponsável pelos que tentam extrair deles conclusões que nem mesmo os autores se atreveram a patrocinar. Nesse cenário, os estudos recentes não podem ser considerados conclusivos, tampouco verdade científica, pois carecem de evidências”.

A AMB afirma ainda que é provável que o mundo chegue ao final da pandemia “sem evidências consistentes sobre tratamentos” e sobre diversos outros aspectos próprios de uma nova enfermidade. “Pois estudos adequados e robustos são caros e demorados. E estamos falando de uma medicação barata, que, portanto, não tem, nem terá financiamento da indústria que suporte os investimentos necessários para minimizar as incertezas”, afirma a nota.

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Em outro trecho, a instituição destaca a distorção que informações contraditórias podem causar. “Médicos, entidades, políticos, influenciadores e palpiteiros seguem monitorando estudos sobre o uso de hidroxicloroquina em pacientes acometidos pela Covid-19. Uns procurando provas de que se trata da salvação. Outros, de que é puro placebo. Ou pior: veneno (mesmo diante do fato de que os efeitos adversos são limitados e conhecidos há mais de cinco décadas). Muitos sairão da pandemia apequenados, principalmente médicos e entidades médicas que escolherem manipular a ciência para usá-la como arma no campo político-partidário”, diz o texto.

Ao final, quando faz referência ao uso off label de medicamentos, a AMB diz que “não se trata de apologia a este ou àquele fármaco”, e sim de respeito aos padrões éticos e científicos construídos ao longo dos séculos. “Não podemos permitir que ideologias e vaidades, de forma intempestiva, alimentadas pelos holofotes, nos façam regredir em práticas já tão respeitadas. Não se pode clamar por ciência e adotar posicionamentos embasados em ideologia ou partidarismo, ignorando práticas consolidadas na medicina. Isso é um crime contra a medicina, contra os pacientes e, sobretudo, contra a própria ciência”, conclui o texto.

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